ATA DA TRIGÉSIMA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 25-4-2011.
Aos vinte e cinco dias do mês de abril do ano de
dois mil e onze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi
realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Bernardino
Vendruscolo, Beto Moesch, Carlos Todeschini, Dr. Raul Torelly, Emerson Dutra,
Haroldo de Souza, Idenir Cecchim, Mario Manfro, Mauro Pinheiro, Mauro Zacher,
Paulinho Rubem Berta, Sofia Cavedon, Tarciso Flecha Negra e Toni Proença. Constatada a existência de
quórum, a senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a
Sessão, compareceram os vereadores Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Aldacir
José Oliboni, DJ Cassiá, Dr. Thiago Duarte, Elói Guimarães, Engenheiro
Comassetto, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Fraga, Nilo
Santos, Pedro Ruas, Professor Garcia, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Waldir
Canal. Do EXPEDIENTE, constaram os Comunicados nos 290898, 290899,
290900, 290901 e 290902/11, do senhor Daniel Silva Balaban, Presidente do Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Durante a Sessão, deixaram de ser votadas as
Atas Vigésima Primeira, Vigésima Segunda, Vigésima Terceira, Vigésima Quarta,
Vigésima Quinta, Vigésima Sexta, Vigésima Sétima, Vigésima Oitava e Vigésima
Nona Sessões Ordinárias e da Primeira e Segunda Sessões Solenes. A
seguir, foi apregoado Requerimento de autoria do vereador Beto Moesch,
Vice-Líder da Bancada do PP, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do
Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o vereador João Antonio Dib,
do dia de hoje ao dia vinte e sete de abril do corrente. Após, a senhora
Presidenta registrou a presença, neste Plenário, do senhor Sérgio de Moura
Rodrigues, Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz, e da senhora Maria
Berenice Dias,
Cidadã Honorária de Porto Alegre, convidando Suas Senhorias a integrarem a Mesa
dos trabalhos e concedendo a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Sérgio de
Moura Rodrigues, que discorreu sobre as atividades programadas em Porto Alegre
referentes à Semana de Conscientização Sobre a Alienação Parental, a ocorrer do
dia de hoje ao dia primeiro de maio do corrente. Durante o pronunciamento do
senhor Sérgio de Moura Rodrigues, foi realizada apresentação de audiovisual
referente ao tema abordado por Sua Senhoria. Também, nos termos do artigo 206
do Regimento, os vereadores Mario Manfro, Tarciso Flecha Negra, Airto
Ferronato, Maria Celeste, Dr. Raul Torelly, Toni Proença e DJ Cassiá
manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em
prosseguimento, a senhora Presidenta concedeu a palavra, para considerações
finais sobre o tema em debate, à senhora Maria Berenice Dias e ao senhor Sérgio de Moura
Rodrigues. Às quatorze horas e quarenta e oito minutos, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e nove
minutos, constatada a existência de quórum. A seguir, constatada a existência
de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo
vereador Beto Moesch, solicitando alteração na ordem dos trabalhos,
iniciando-se ao período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o
transcurso do quadragésimo aniversário da Associação Gaúcha de Proteção ao
Ambiente Natural – AGAPAN – , nos termos do Requerimento nº 018/11 (Processo nº
1294/11), de autoria do vereador Beto Moesch. Compuseram a Mesa: a vereadora
Sofia Cavedon, Presidenta da Câmara Municipal de Porto Alegre; os
senhores Eduardo Finardi Rodrigues e Celso Copstein Waldemar, respectivamente
Presidente e Vice-Presidente da AGAPAN; e a senhora Elisângela Reghelin,
representando o Chefe da Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÕES,
pronunciaram-se os vereadores Beto Moesch, como proponente e em tempo cedido
pelo vereador Elias Vidal, Carlos Todeschini, Toni Proença, este em tempo
cedido pelo vereador DJ Cassiá, e Dr. Raul Torelly. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciou-se o vereador Pedro Ruas. Após, a senhora Presidenta concedeu a
palavra ao senhor Eduardo Finardi Rodrigues, que agradeceu a homenagem
prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e trinta e nove
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quinze horas e quarenta minutos, constatada a existência de quórum. Em
prosseguimento, a senhora Presidenta informou a inauguração, hoje, da Exposição
Itinerante “Lutzenberger: ativista do movimento ecológico”, no Saguão do Plenário
Otávio Rocha, organizada pelo Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciaram-se os vereadores Airto Ferronato, Dr. Thiago
Duarte, Carlos Todeschini, Alceu Brasinha, Beto Moesch, Sebastião Melo, Luiz
Braz, Maria Celeste, esta pela oposição, e Idenir Cecchim, este pelo Governo.
Na ocasião, a senhora Presidenta prestou esclarecimentos acerca da ordem dos
trabalhos da presente Sessão. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se os vereadores
Dr. Thiago Duarte e Elói Guimarães. Às dezesseis horas e quarenta e quatro minutos,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Às dezesseis
horas e quarenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos
para a realização de reunião conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados
às dezessete horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum. Em
Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 009/10 (Processo nº 1104/10), o qual, após ser discutido pela vereadora
Sofia Cavedon e pelos vereadores Aldacir José Oliboni, Reginaldo Pujol e
Professor Garcia, teve sua apreciação suspensa, em face da inexistência de
quórum. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
009/10, a vereadora Sofia Cavedon afastou-se da presidência dos trabalhos, nos
termos do artigo 22 do Regimento. Na oportunidade, em face de Questão de Ordem
formulada pelo vereador Reginaldo Pujol, a senhora Presidenta prestou
esclarecimentos acerca da apreciação do Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 009/10. Também, por solicitação do vereador Alceu Brasinha, foi
efetuada nova verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo.
Também, foi votado Requerimento de autoria da vereadora Sofia Cavedon,
solicitando que a discussão do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
009/10 fosse adiada por uma Sessão, o qual recebeu nove votos SIM, em votação
nominal solicitada pelo vereador Mario Fraga, tendo votado os vereadores Airto
Ferronato, Carlos Todeschini, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Elói Guimarães,
Haroldo de Souza, Luiz Braz, Mauro Pinheiro e Nilo Santos, votação esta
considerada nula pelo senhor Presidente, em face da inexistência de quórum
deliberativo. Durante a Sessão, o vereador Pedro Ruas manifestou-se acerca de assuntos
diversos. Às dezoito horas e dois minutos, constatada a inexistência de quórum
deliberativo, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando
os senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pela vereadora Sofia Cavedon e pelos
vereadores DJ Cassiá e Toni Proença e secretariados pelo vereador Toni Proença.
Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada
pelo senhor 1º Secretário e pela senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. João Antonio Dib solicita
Licença para Tratamento de Saúde no período de 25 a 27
de abril, Requerimento do Ver. Beto Moesch, Vice-Líder da Bancada.
A Tribuna Popular de
hoje tratará de assunto relativo à I Semana Oficial de Conscientização da
Alienação Parental em Porto Alegre. Convidamos o Sr. Sérgio de Moura Rodrigues,
Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz, e a Drª Maria Berenice Dias
- que tem grande participação na entidade, é uma guerreira contra a alienação
parental - a fazerem parte da Mesa. Sejam muito bem-vindos, assim como os
amigos e participantes da entidade.
O Sr. Sérgio de Moura Rodrigues, representando a
Associação Brasileira Criança Feliz, está com a palavra para tratar de assunto
relativo à abertura da I Semana de Conscientização da Alienação Parental, pelo
tempo regimental de dez minutos,
O SR. SÉRGIO DE MOURA RODRIGUES: Boa-tarde,
Srª Presidente, Verª Sofia Cavedon; Drª Maria Berenice Dias, nossa amada amiga,
autoridade número um no Brasil contra a alienação parental; Srs. Vereadores;
equipe da Associação Brasileira Criança Feliz que me acompanha; Quinho e sua
esposa; Tenente Tavares, da Brigada Militar, que está aqui a convite nosso;
demais amigos e convidados.
Muito obrigado a
todos e a Deus pela oportunidade de estar aqui para trazer um pouquinho da vida
da Associação Brasileira Criança Feliz. Há um ano estivemos nesta Casa, quando
pedimos apoio para que fosse combatida a alienação parental. Naquele dia foi
apresentado um Projeto de Lei pelo nosso Ver. Mario Manfro, proposta que foi
apoiada com carinho e unanimidade por esta Casa. Hoje é realidade: Porto Alegre
é o primeiro Município do País com uma Semana de atividades programadas para
combater a alienação parental. Essa maldade, praticada por muitos pais e mães,
afeta principalmente as crianças, que são vítimas das mazelas do casal. Quando
os pais não têm mais condições de continuar como casal e resolvem que não
querem mais ter a relação marido e mulher, eles começam a se agredir, usando a
criança como instrumento, como arma da sua vingança. O termo alienação parental
foi apresentado mais ou menos em 1985, e, de lá para cá, a alienação parental é
estudada, pois é uma realidade, existe. E o nosso Estado é pioneiro no combate
à alienação parental.
Gostaria, de antemão,
de participar a todos que o Rio Grande do Sul já tem, na Assembleia
Legislativa, apresentado pelo Deputado Pozzobom, um Projeto pronto, que vai ser
protocolado ainda esta semana, que fará com que o Rio Grande do Sul pare e
pense sobre esse mal. Nós estamos trabalhando há três anos no combate à
alienação parental, em que destaco o trabalho da Drª Maria Berenice Dias,
ilustríssima Desembargadora aqui presente. O Brasil respeita a Drª Maria
Berenice Dias nesse e em outros assuntos; ela é a madrinha da Associação, ela
nos apoia diariamente e tem todo o nosso carinho. Para comemorar este
aniversário, nós preparamos um pequeno relatório aos senhores. Eu não vou mais
me delongar, para podermos assistir a este filme, que será apresentado pelo
companheiro Werner, Vice-Presidente da Associação. Por favor, Werner.
(Procede-se à
apresentação do vídeo.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mario
Manfro está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. MARIO MANFRO: Srª Presidente, eu
falo em meu nome e em nome do Ver. Luiz Braz, o outro componente da minha
Bancada. Saudando o Sérgio, Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz,
saúdo toda a Diretoria, todos os simpatizantes, todos os que admiram, como eu,
a iniciativa de vocês. Sinto-me muito feliz por ter sido o proponente do
Projeto que criou a Semana, que foi aprovada por unanimidade nesta Casa, e
aproveito a oportunidade para agradecer a todos os colegas Vereadores.
Realmente, é uma forma de conscientização sobre o quão importante é esse tema,
que antes não era tratado. Nós, mais uma vez, estamos sendo os pioneiros, somos
a primeira Capital a ter uma semana de conscientização contra a alienação
parental, os primeiros a constatar o malefício da alienação parental, o quão
isso é nefasto para as crianças. Se o bullying
é um problema que hoje é tratado amplamente e também é muito nefasto, a
alienação parental - quando um genitor coloca o filho contra o outro genitor,
quando um impede que o filho veja o outro - é danosa e certamente refletirá por
toda vida da criança. Então, eu só tenho a agradecer a vocês por essa
iniciativa, de luta pela guarda compartilhada, pelo amor. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver.
Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Boa-tarde,
Srª Presidente; Sr. Sérgio, Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz,
quero saudar todos. Nós aprovamos o Projeto no ano passado - que maravilha,
Sérgio. Eu falo em nome da Bancada do PTD: do nosso Líder, Mauro Zacher, e dos
Vereadores Mario Fraga, Luciano Marcantônio e Dr. Thiago; a bandeira do PDT é a
justiça social. A minha bandeira, particularmente, é a inclusão da criança, do
jovem e do adolescente no esporte. Quero dizer que todos nós devemos nos
conscientizar, porque estamos falando de criança, do futuro do mundo. Então,
parabéns! Conte com este Vereador.
(Não
revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. AIRTO FERRONATO: Srª Presidente, Sr.
Sérgio, quero, em meu nome e em nome da Bancada do PSB, dizer da importância da
presença dos senhores na tarde de hoje, da importância do tema que se aborda e
que os senhores conduzem tão bem. A vida nos ensina, nos caminhos que nós
adultos perseguimos, às vezes tumultuados, que nenhum desses caminhos pode envolver
os nossos filhos e nenhuma criança no sentido de trazer prejuízos a eles.
Então, estamos aí para nos solidarizar com os senhores. É muito importante e
muito bem-vinda a participação de vocês na tarde de hoje, e quero dizer que
estamos atentamente os ouvindo. Um abraço a todos. Muito obrigado.
(Não
revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª Maria
Celeste está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. MARIA CELESTE: Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Dr. Sérgio, Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz;
nossa querida Desembargadora Maria Berenice Dias, que tem sido pioneira não
apenas em causas dos direitos das crianças, mas especialmente dos direitos
humanos. Quero aqui fazer uma referência muito especial à questão dos direitos
homoafetivos, que tanto avançamos, enquanto legislação no Brasil como um todo,
a partir das iniciativas da nossa Desembargadora. Que bom vê-la comprometida
com esta causa também, que é inovadora do ponto de vista do Direito, é uma grande
luta que os senhores nos sensibilizaram, pela busca da aprovação do Projeto no
Congresso Nacional, responsabilizando os adultos cada vez mais. É isto que nós
queremos: uma sociedade melhor, e ela só é melhor quando as crianças são
felizes e quando os adultos compreendem o seu papel e ajudam na construção
dessa felicidade coletiva, especialmente na infância.
Então, queremos
dizer, pela Bancada do PT, especialmente os Vereadores Comassetto e Todeschini,
aqui presentes, Verª Sofia Cavedon, da nossa alegria de partilhar deste
momento, da Semana de Conscientização da Alienação Parental, projeto de
iniciativa do Ver. Mario Manfro; que a Semana possa, efetivamente, trazer uma
conscientização e uma transformação na consciência dos pais, que precisam, sim,
dar amor aos seus filhos. Gostei muito de uma frase que diz que os pais se
separam um do outro, mas jamais dos seus filhos. Então, esta Semana é muito
importante, com o belo trabalho que a Associação desenvolve, trazendo
justamente a conscientização. Um pai nunca se separa de um filho; pode-se
separar do cônjuge, mas jamais de uma criança. Parabéns pela iniciativa,
parabéns pela causa. Contem com a Bancada do Partido dos Trabalhadores para
divulgar e incentivar cada vez mais os direitos das crianças na cidade de Porto
Alegre. Obrigada.
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr.
Raul Torelly está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. DR. RAUL TORELLY: Srª Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, quero, em nome da Bancada do PMDB -
composta por este Vereador, pelo nosso Líder Idenir Cecchim e pelos Vereadores
Bernardino, Haroldo, Professor Garcia e Sebastião Melo -, saudar o Sérgio e a
Drª Maria pelo trabalho. Como médico, há mais de trinta anos, sempre me envolvi
com o tema; também como Vereador me envolvo diariamente com a questão da
criança e do planejamento familiar, que tem tudo a ver com o tema da alienação
parental. Nós sabemos que as crianças devem ser queridas, desejadas, devem vir
ao mundo com toda a conscientização, o que levará, com certeza, a um mundo
melhor, a uma educação melhor em todos os níveis.
Eu tive a
oportunidade de transformar o Projeto Primeira Infância Melhor num programa
permanente na Cidade, Projeto que tem tudo a ver com a nossa cidadania, com a
nossa criança e com o desenvolvimento que todos queremos para a nossa
sociedade. Então, eu queria saudar o nosso querido Ver. Mario Manfro, que é uma
pessoa que tem esta sensibilidade - a sensibilidade da Saúde, da cidadania - e
que levou em frente esse Projeto. Desejo a todos que a luta seja cada vez mais
vitoriosa. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Obrigada, Dr.
Raul.
O Ver. Toni Proença
está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI PROENÇA: Boa-tarde, Presidente
Sofia; Sr. Sérgio, Presidente da Associação Brasileira Criança Feliz;
Desembargadora Maria Berenice Dias. E quero cumprimentar o Ver. Mario Manfro.
Acho que uma das funções do Parlamento, principalmente do Parlamento municipal,
é incidir sobre o comportamento humano. Que bom quando a gente pode propor leis
e projetos que determinam regramento para um novo comportamento. E o Projeto do
Ver. Mario Manfro foi muito feliz, principalmente porque oferece mais um
instrumento, mais uma ferramenta para a mobilização da sociedade contra um mal
que a própria sociedade produz. Parabéns pelo trabalho! Contem com a Bancada do
PPS.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. DJ
Cassiá está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. DJ CASSIÁ: Srª Presidente; Sr.
Sérgio, Doutora, sejam bem-vindos a esta Casa. Em primeiro lugar, quero
cumprimentar o nobre colega Ver. Mario Manfro. Esse Projeto não poderia ser
diferente, Ver. Mario Manfro, pelas atitudes e pelas lutas sociais que o senhor
representa. Muito temos nos encontrado aos domingos, nos feriados,
principalmente levando atividades sociais àquelas crianças que, muitas vezes,
são rejeitadas até pela própria família. Então, quero parabenizar o Ver. Mario
Manfro, quero parabenizar a senhora, Doutora, pela luta. As nossas crianças são
o futuro do País, mas não podemos esperar o futuro, as nossas crianças precisam
do imediato, do hoje, para amanhã acordarem melhor. Então, em nome da Bancada
do PTB, faço a minha saudação. Sou solidário a vocês, contem com a nossa
Bancada. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Assim se
manifestou a Casa. Essa é uma tarefa das mais complexas, pois se trata de
relações humanas. Então, passo a palavra para a Drª Maria Berenice, que é
especialista, para fazer o fechamento, e depois ao Sérgio, que fará um convite.
A SRA. MARIA BERENICE DIAS: É uma enorme
emoção vir mais uma vez a esta Casa, onde eu tive um dos momentos mais felizes,
ao receber o Título de Cidadã de Porto Alegre, algo que ostento com muita
satisfação. Preciso consignar que não há um espaço mais adequado para se
iniciar a Semana de Conscientização do que aqui, porque aqui é a Casa do
cidadão, a Casa da legislação que atende ao interesse do cidadão. E este é um
fato que sempre existiu, que conhecemos, ou seja, a tentativa de afastar o
filho da convivência de um dos genitores. Normalmente, é uma prática levada a
efeito por quem fica com a guarda do filho, com relação ao outro genitor, e,
dentro da nossa realidade, se é a mãe que fica com a guarda, o que é a maioria,
a tendência é buscar afastar, é programar o filho para se desfazer do vínculo
de afeto com o seu genitor. Isso passou a chamar a atenção porque desatende ao
comando constitucional, que assegura com absoluta prioridade às crianças e aos
adolescentes o direito à convivência familiar. Essa convivência familiar não é
a convivência no mesmo teto com o pai e a mãe, mas conviver com ambos os
genitores e com eles ter um relacionamento saudável. Para isso é necessária a
conscientização de todos os pais de que o fim das relações conjugais não
significa o fim das relações de parentalidade, que é o que se precisa
preservar, porque só assim teremos - e é o que busca esta dinâmica Associação,
coordenada pelo Sérgio - crianças mais felizes. Esta I Semana de
Conscientização, em nível nacional, abre mais uma vez o pioneirismo aqui do Rio
Grande do Sul. E dá sempre para usar o refrão do nosso Hino Rio-Grandense:
“Sirvam nossas façanhas” de realizar esse belo evento “de modelo a toda Terra”.
Era o que eu gostaria de colocar. Obrigada. (Palmas.)
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. SÉRGIO DE MOURA RODRIGUES: Realmente, a
gente se emociona ao ouvir essa autoridade, ainda mais sabendo que ela é a
amiga número um da Associação Brasileira Criança Feliz. Eu gostaria, na
presença de vocês, de pedir que a equipe que me acompanha nos trabalhos mais
diretos da Associação Brasileira Criança Feliz, à medida que eu fosse citando
os nomes, ficasse em pé um segundo, por favor: Drª Melissa Telles, Dr. Paulo
Machado Klump, Augusto Caminha, Quinho e sua esposa; o Tavares e meu colega; o
Werner, meu Vice-Presidente, que está na mesa de som ali. Muito obrigado em meu
nome, muito obrigado em nome do Rio Grande do Sul, muito obrigado em nome do
Brasil, por tudo o que vocês têm feito por nossas crianças. Obrigado.
Faço um convite a
toda a nossa Porto Alegre e a todo nosso Estado: no domingo, dia 13 de maio,
estaremos no Brique da Redenção gritando bem alto: “Diga não à alienação
parental!”. Porto Alegre e os senhores são nossos convidados especiais.
Contamos com a presença de todos, agradeço toda esta atenção, Srª Presidente.
Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Nós é que
agradecemos, Drª Maria Berenice Dias, que tantas lutas já participou conosco;
agradecemos ao Sr. Sérgio de Moura Rodrigues e a toda a equipe que trabalha com
a Associação Brasileira Criança Feliz. Sucesso, força, que este trabalho tão
importante continue, avance e conquiste mais adeptos. Obrigada.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às 14h48min.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon – às 14h49min): Estão reabertos os trabalhos.
O SR. BETO MOESCH (Requerimento): Srª
Presidente, conforme combinado, solicito a inversão da ordem dos trabalhos,
proponho passarmos imediatamente para o período de Comunicações, que está
destinado a homenagear os 40 anos da Agapan.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Mauro
Zacher já havia solicitado, conforme acordo de Mesa e Lideranças, que o Grande
Expediente fosse transferido para quinta-feira, no sentido de entrarmos na
Ordem do Dia e fazermos a Reunião das Comissões Conjuntas.
Em votação o
Requerimento do Ver. Beto Moesch, que solicita a inversão da ordem dos
trabalhos, passando, imediatamente, para o período de Comunicações, que está
destinado a homenagear a Agapan. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que concordam
permaneçam como se encontram (Pausa.) APROVADO.
Passamos às
Hoje este período é destinado a assinalar o transcurso do 40º aniversário da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, a Agapan; nos termos do Requerimento nº 018/11, de autoria do Ver. Beto Moesch.
Convidamos a compor a
Mesa o Sr. Eduardo Finardi Rodrigues, Presidente da Associação Gaúcha de
Proteção ao Ambiente Natural; Sr. Celso Waldemar,
Vice-Presidente da Agapan; Srª Elisângela Reghelin,
representando o Sr. Ranolfo Vieira Junior, Chefe de Polícia Civil do Estado Rio
Grande do Sul. (Palmas.)
O Ver. Beto Moesch, proponente desta homenagem,
está com a palavra em Comunicações.
O SR. BETO MOESCH: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores; Eduardo Finardi Rodrigues, Presidente da Agapan;
Celso Waldemar, Vice-Presidente da Agapan; Delegada Elisângela Reghelin, que
está à frente, hoje, de uma nova conquista da sociedade no que diz respeito à
defesa do meio ambiente: a Delegacia especializada em meio ambiente, Delegacia
específica para atuar na proteção do meio ambiente - quero aqui parabenizar o
seu trabalho e o trabalho da Delegacia.
Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon, temos aqui presente pessoas que fazem história em nosso Estado,
gostaria de destacar a Srª Hilda Zimmermann, que hoje completa 88 anos
(Palmas.), uma das precursoras do movimento ecológico no Brasil e até hoje
muito atuante; o Augusto Carneiro (Palmas.), que foi a pessoa que, na
realidade, organizou, normatizou e estruturou o movimento ecológico no Brasil;
os ex-Presidentes, presentes aqui também, o Francisco Milanez e o Celso
Marques; várias outras pessoas de destaque na atuação da Agapan e da defesa do
meio ambiente.
A Agapan surgiu, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, vejam, em 1971, há quarenta anos, quando o
assunto estava ainda sendo tratado de forma muito periférica; o meio ambiente
não era ainda o centro das atenções. Muito antes pelo contrário, o meio
ambiente era tratado como curiosidade, Ver. Toni Proença. Pessoas mais
letradas, lendo, estudando, estavam cada vez mais preocupadas com o que os
cientistas relatavam: os vários problemas relacionados pelos agrotóxicos; as
usinas nucleares, que depois chegaram ao Brasil; o desmatamento; as queimadas;
a arborização das cidades; os benefícios e malefícios de, Ver. Tarciso,
preservar e, por outro lado, degradar esses recursos naturais e adotar formas
de desenvolvimento incompatíveis com o próprio ser humano, com o próprio estado
de viver. Esse era o alarde do início dos anos 70.
Muito poucas pessoas
no mundo tratavam desse assunto, mas alguns gaúchos, de forma pioneira, para
pautar esse assunto, Ver. Dr. Raul, na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do
Sul, criaram a Agapan, a primeira entidade ecológica da América Latina, uma das
primeiras no mundo. Ela foi criada por pessoas conhecidas da sociedade, não
eram pessoas estranhas, não eram - como alguns dizem hoje, para alterar o
Código Florestal -, pessoas estrangeiras, holandesas, americanas; para alterar
o Código Florestal, alguns dizem que quem fez a legislação ambiental brasileira
foram os estrangeiros. Não! A Agapan é uma instituição genuinamente gaúcha,
criada por gaúchos e que tem a atuação de gaúchos, estudada por gaúchos. E,
partir daí, a Agapan fez um trabalho de muita inteligência, tendo como
destaque, como precursor, José Lutzenberger.
Já quero, Sr.
Presidente, solicitar a palavra para uma Comunicação de Líder, para continuar
meu pronunciamento.
(O Ver. DJ Cassiá
assume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Beto
Moesch continua seu pronunciamento em Comunicações, a partir deste momento por
cedência de tempo do Ver. Elias Vidal.
O SR. BETO MOESCH: Essas figuras, como
falei, tendo José Lutzenberger como principal expoente, e Flávio Lewgoy, enfim,
eles passaram a conscientizar as pessoas. Não foi um movimento, como alguns
podem pensar, Ver. Idenir Cecchim, de protestos, porque, volto a insistir, foi
um movimento ecológico criado e feito por pessoas como nós, da sociedade, que
iam às escolas, que faziam palestras, que iam às universidades. A imprensa dava
grande destaque às atuações da Agapan. E aí surgiram - e nós devemos muito à
Agapan por isto - as primeiras leis municipais do País aqui nesta Casa, em
virtude do movimento da Agapan: a conscientização para evitar podas de árvores,
por exemplo. A SMAM, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, surgiu por uma
sensibilidade do então Prefeito Guilherme Socias Villela. Para dar uma resposta
política, administrativa ao movimento ecológico de Porto Alegre, ele criou a
primeira Secretaria do Meio Ambiente do País.
O que é importante
registrar é que diferentemente, Ver. Pedro Ruas, da maior parte do mundo, Porto
Alegre tem leis, normas, instituições ambientais que vieram de baixo para cima,
e não de cima para baixo, porque muitas leis e instituições se criam por
obrigatoriedade, e aqui em Porto Alegre ocorreu o contrário, em virtude de uma
resposta ao movimento da sociedade. E isso é muito rico, muito precioso para a
cidade de Porto Alegre. Muitos artigos da Lei Orgânica de Porto Alegre foram
elaborados pela Agapan, ou houve a colaboração da Associação, assim também
ocorreu com a Constituição do Estado, com o Código Estadual do Meio Ambiente,
com o Código Florestal, com as resoluções do Conama - Conselho Nacional do Meio
Ambiente. A Agapan, por tantas vezes, fez parte do Conselho Nacional do Meio Ambiente,
do Conselho Estadual do Meio Ambiente, do Conselho Municipal do Meio Ambiente.
A Agapan ajudou a criar outras entidades ecológicas em Porto Alegre e no
interior do Estado, e aí, juntas, por exemplo, mudaram concepções do Banco
Mundial e do Banco Interamericano, que até então financiavam obras sem
critérios ambientais, mudando a concepção do Poder Executivo, do Poder
Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público. Foi, sim, um movimento
político, e não partidário, muito menos eleitoral, mas foi político de conduta,
de visão, de comportamento, de uma nova forma de desenvolvimento. E é um
orgulho muito grande para nós, porto-alegrenses, porque temos uma instituição
que não apenas está fazendo 40 anos, exercendo a cidadania - muitas vezes,
sendo perseguida por causa disso -, como também está há 40 anos em atividade,
ela nunca deixou de estar em atividade.
Então fica aqui, Sr.
Presidente, não apenas os nossos parabéns à Agapan, ao movimento ecológico, às
pessoas que nos dão exemplo, mas também o nosso agradecimento, a Cidade deve
muito à Agapan, esta Casa deve muito à Agapan, porque a Associação é uma
instituição que, acima de tudo, trabalha em solidariedade, colaborando com os
atores da Cidade, do Estado e do Brasil. Parabéns! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra em Comunicações.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) Também saúdo os visitantes, militantes, membros da
Agapan, que têm prestado um fundamental serviço de luta destacada na cidade de
Porto Alegre e no Rio Grande do Sul. Vejo sempre o Carneiro, na sua militância,
juntamente com outros membros desta entidade gloriosa, na sua persistente luta.
Falo isso em nome também do meu colega Ver. Comassetto, que pediu que eu
falasse em manifestação da Bancada. Ver. Pedro Ruas, também o meu abraço ao
senhor e à sua Bancada, porque temos sido aqui muito parceiros nesta questão,
que não é simples. A luta continua e continua grandiosa.
A Agapan nasceu
justamente em 1971, em pleno auge da Revolução Verde, quando o mundo era dos
adubos e dos venenos - alguns diziam defensivos agrícolas para amenizar, mas na
verdade eram venenos, agrotóxicos. E eu lembro de uma passagem do nosso saudoso
Lutzenberger, Milanez, que dizia que um dia ele chegou ao escritório - ele
trabalhava para uma empresa multinacional - e encontrou, em cima da mesa, um
folheto que dizia: “Você imaginou um inseticida para matar minhocas...” Ele
disse: “Foi aí que eu me converti totalmente, porque vi que tinham perdido a
noção do mundo”. Por quê? Porque a Revolução Verde impôs, sim, à força um
modelo de desenvolvimento que causou muitas tragédias, muitas mortes, muitos
assassinatos. Uma pessoa das minhas relações familiares, lá da região pioneira
da soja, conta que, nos anos de 1970, 1972, 1973, quando valia tudo, na época
do DDT ainda, eles tinham que ir para fora de casa, com panos embebidos em
naftalina para conseguir respirar, porque não tinham ar. Lá na região de Ronda
Alta. Aqui alguns tiveram acesso às fotos das crianças que nasceram deformadas
naquela região; não foram poucas! Isso é bom lembrar, porque parece que não
existiu, mas sabemos da luta ambiental e do papel da Agapan nisso, assim como
temos plena consciência da defesa de meio ambiente, do verde, da despoluição
dos rios e de tudo o mais que foi proposto e feito durante esse período de 40
anos - de 1971 até 2011 - pela Agapan.
O que temos certeza
hoje é que essa luta não pode parar; ela tem que se tornar maior, porque as
alterações climáticas estão aí, as modificações antrópicas, a poluição, o uso
de combustíveis fósseis e muitas outras coisas continuam a degradar
intensamente o meio ambiente, requerendo, portanto, um levante de todos em
defesa da vida, em defesa do nosso planeta, contra as mudanças climáticas, para
que todos possamos conservar e cuidar do nosso planeta, para ele servir para as
atuais gerações, mas, sobretudo, para as futuras. Parabéns, deixo um grande
abraço! Que a luta seja forte e longa; parabéns a todos os ambientalistas, em
especial à Agapan, como a grande liderança. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO RUAS: Meu caro Ver. DJ
Cassiá, que preside a Sessão; nossa Agapan, representada pelo Eduardo Finardi
Rodrigues, pelo Celso Waldemar e pela Elisângela Reghelin; Vereadores,
Vereadores; público que nos assiste, meu caro Emerson Dutra, que nos dá a honra
de compor a Bancada do PSOL em substituição a Verª Fernanda Melchionna. Nós, do
PSOL, Ver. Beto Moesch - e V. Exª conhece o nosso trabalho nesta Casa, como o
Ver. Todeschini, que fez uma referência elogiosa, a qual agradeço -, temos um
compromisso muito grande com relação ao meio ambiente. E um compromisso como
este, necessariamente, incita-nos a fazer uma homenagem a todas as entidades
que, de uma maneira ou de outra, se dedicaram à proteção do meio ambiente. Vejo
ali o Carneiro, amigo de tantas lutas; o Truda Palazzo, quanto tempo, lutamos muito juntos em 1994, quando
conseguimos preservar esse nosso parque aqui, numa luta comum de tantos anos.
Eu sinto muito
orgulho ao ver que o Agapan chega aos 40 anos como uma entidade coerente que
marcou de forma indelével a nossa sociedade e que nos ensinou muito do que nós,
agentes políticos, devemos e precisamos, efetivamente, saber e aplicar no nosso
dia a dia. Este é um momento importantíssimo da vida da sociedade gaúcha e
brasileira. Os 40 anos da Agapan reforçam o nosso compromisso de defesa
ambiental. E não é pouca coisa o que a gente enfrenta no dia a dia para manter
a nossa coerência. Aqui mesmo, muitos dos que hoje estão nesta homenagem e a
própria Agapan conhecem a luta que tivemos, que temos no presente e que teremos
no futuro para preservar a nossa orla do Guaíba. Sabem da dificuldade que é o
enfrentamento do interesse especulativo, financeiro, do interesse imobiliário.
O Ver. Beto Moesch
está de parabéns por ter tido esta iniciativa, porque, quando nós homenageamos
a Agapan, na verdade, nós reforçamos a nossa luta, reiteramos os nossos
compromissos, a nossa forma de ver a Cidade, o seu entorno, as suas condições e
o seu exemplo. E já não é a Cidade apenas para nós, e sim a Cidade para as futuras
gerações, ou o exemplo para o Estado e para o País. Esta homenagem aos 40 anos
da Agapan, Ver. Beto Moesch, é uma iniciativa feliz de Vossa Excelência. Receba
os nossos cumprimentos, mas também o nosso compromisso reiterado, mantido e
permanente de que estaremos sempre nesta tribuna ou em qualquer outra
trincheira onde seja necessário, para fazer a defesa do meio ambiente, a defesa
do ambiente natural, em relação ao qual têm direito as futuras gerações. O
compromisso de hoje é nosso, e não é simples, por mais óbvio que pareça, não é
simples; o que enfrentamos são forças poderosas, são forças que assumem
Governos, são forças que assumem posições importantes da sociedade e que
desprezam, exatamente, os 40 anos de luta da Agapan e alguns momentos nossos nesse
enfrentamento.
Por isso uma
homenagem como esta é mais do que simplesmente celebrar um aniversário; é
reiterar um compromisso de enfrentamento e de luta, é reiterar aquilo que
achamos de mais importante em relação ao meio ambiente. Sejam bem-vindos os 40
anos da Agapan! Nós também estaremos aqui ou em qualquer outro lugar, cumprindo
o nosso papel, como fez nesses 40 anos, e fará mais, a nossa querida Agapan.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
(O Ver. Pedro Ruas
solicita a palavra no microfone de apartes.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Ver. Pedro
Ruas, por favor.
O SR. PEDRO RUAS: Muito obrigado. A
Assessoria da Casa me informa, com razão - é uma lembrança importante para este
momento -, que amanhã a pauta da CUTHAB, às 14h, será a criação do Parque
Ambiental do Gasômetro. A reunião será no Plenarinho. Então, convidamos todos
os presentes a comparecerem. A pauta será a criação do Parque Ambiental do
Gasômetro. Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Toni Proença
está com a palavra em Comunicações, por
cedência de tempo do Ver. DJ Cassiá.
O SR. TONI PROENÇA: Sr. Presidente, Ver. DJ Cássia, que nos
comanda hoje nesta Sessão, quero agradecer, desde já, a cedência do tempo.
Cumprimento o Sr. Eduardo Finardi Rodrigues, Presidente da Agapan; o Sr. Celso
Waldemar, Vice-Presidente, e a Drª Elisângela Reghelin, representando aqui a
Delegacia do Meio Ambiente. Quero mandar um abraço especial a Dona Hilda
Zimmermann, que hoje está comemorando 88 anos, e a Sandra, que está ali do
lado. A Agapan tem metade da idade da Dona Hilda, que dedicou metade da sua
vida à luta pelo meio ambiente, junto com a Agapan. Aprendi a admirar a Agapan,
porque eu tinha um vizinho que militava pelo meio ambiente, ele era um pouco
mais velho que eu, ensinou-me muito sobre isso; é o nosso bom e querido Caio.
Queria cumprimentar o Ver. Beto Moesch, meu guru ambientalista, a quem eu ouço
sempre, e muito, sobre as questões do meio ambiente, porque o considero uma
autoridade em meio ambiente, a quem nós, porto-alegrense, gaúchos e
brasileiros, agradecemos.
Quero dizer que não precisamos ir longe para valorizar a questão do meio
ambiente. Nós, que somos gaúchos - povo que nasce da terra, que adora os seus
rios, as suas matas e a convivência com a natureza -, temos tido muita tristeza
ao ler os jornais, ao assistir os noticiários na televisão, ao escutar o rádio,
em que são comentadas praticamente todos os dias as tragédias ocorridas pelo
mau uso do meio ambiente, da natureza. E principalmente no Brasil, no Rio Grande
do Sul e em Porto Alegre, às vezes, temos que conviver com coisas que poderiam
ser evitadas. Mas muito mais teria acontecido se não fosse a história da
Agapan, se não fosse a luta daqueles que se dedicaram a defender o meio
ambiente já há 40 anos. Tenho certeza de que muito do que se lê sobre a Agapan,
muito do que se lê sobre a história dos ambientalistas do Rio Grande do Sul e
de Porto Alegre colaborou e muito para que se
evitassem muitas tragédias. Embora essa luta tenha acontecido, nós ainda não conseguimos
evitar outras. Continuamos, como bem disse o Ver. Pedro Ruas, a lutar contra o
poder econômico, contra a ganância, contra a desinformação e - perdoem-me pela
palavra - contra a estupidez de alguns que insistem em degradar o meio ambiente
em troca de interesses momentâneos e imediatos, como a degradação da nossa
orla, dos nossos morros e das nascentes.
No ano passado
tivemos que empreender - o Ver. Beto Moesch nos liderou - uma luta para
preservar as nascentes aqui do Morro Santa Teresa, de toda aquela vegetação. Um
dia desses, o Ver. Beto Moesch me deu um livro, um almanaque sobre o meio
ambiente, em que havia uma frase que guardei na memória, porque ela dialoga
muito com o que acredito na vida: “Diversidade é vida”. E eu aprendi isso
porque acredito que a pluralidade também é vida e norteia muito a minha vida
pública.
Portanto, quero
agradecer, mais uma vez, ao Ver. DJ Cassiá pela cedência de tempo e
cumprimentar todos que se esforçaram e militaram na luta pelo meio ambiente e
trouxeram a Agapan até aqui. Vida longa à Agapan, que ela seja duradoura,
porque, se ela durar, duram muito mais a natureza e o meio ambiente da nossa
Cidade e do nosso Estado. Parabéns a todos!
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): O Ver. Dr.
Raul Torelly está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. RAUL TORELLY: Sr. Presidente, Ver.
DJ Cassiá; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, todos os que nos
assistem, quero diretamente homenagear o Presidente da Agapan, seu
Vice-Presidente e a nossa Delegada na área do meio ambiente. Sempre fui uma
pessoa muito voltada à área da Saúde e, indiretamente, à área do meio ambiente.
Há seis anos, quando vim para esta Casa, fiquei muito feliz em poder, desde o
início, participar da Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Como Vereador pude
contribuir efetivamente para as causas da Saúde e do meio ambiente na cidade de
Porto Alegre. Lembro da minha juventude, da minha infância: morei por muito
tempo no bairro Santana e via aquela casa toda arborizada - acho que era na Rua
Jacinto Gomes -, toda cheia de verdes onde morava José Lutzenberger. Eu via
José Lutzenberger caminhando na nossa Cidade, e a minha sensação era de que
estávamos tratando com alguém do tipo Einstein, uma pessoa que tinha uma
preocupação especialíssima. Realmente ele a tinha, não é à toa que foi
protagonista na questão do meio ambiente, assim como tantos de vocês aqui, que
também têm esse protagonismo.
Eu não poderia deixar
de subir a esta tribuna para dizer que, se não houver uma força para defender a
causa ambiental, não sei aonde vamos parar. Essa duplicidade, esse confronto
que muitas vezes nós vemos entre o poder econômico e a causa ambiental, tem que
terminar na sociedade. Nós temos que encontrar mecanismos efetivos para que a
questão ambiental seja efetivamente levada em conta, e são múltiplos os
exemplos no mundo em que se vê que há respeito, independente da questão
econômica, à causa ambiental. É possível uma convivência harmônica entre o
poder econômico e a causa ambiental, e eu acho que os entes públicos têm a
obrigação de participar disso e fazer com que as coisas andem integradas.
Eu me lembro da minha
infância, e eu me sentia muito melhor, por exemplo, do que a minha filha, que
hoje já tem vinte e poucos anos, porque eu vi nascer o Parque Moinhos de Vento,
o Parque Marinha do Brasil, o Parque da Harmonia, enfim, era uma coisa
maravilhosa, era uma sensibilidade toda especial. Eu não quero que a gente
volte a jogar futebol como se fazia antigamente, nas principais ruas da Cidade,
onde os carros passavam ocasionalmente. Hoje a nossa realidade é outra. Hoje,
quem fala em meio ambiente em Porto Alegre - em 1970, falava-se em 30 mil
carros -, fala em 700 mil veículos. O que é isso? Que poluição é essa? Que
realidade é esta que nós vivemos? Claro que nós temos que nos moldar, que temos
que participar para que esse processo ande da melhor maneira possível. Graças a
Deus e ao trabalho da própria Agapan, nos seus 40 anos, nós temos uma
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que, se não é a melhor, é uma incentivadora,
muitas vezes um freamento, outras vezes uma negociadora, para que a Cidade
possa avançar dentro de uma qualidade de vida possível, real, para que ela não
venha a se deteriorar dia após dia, como ao longo dos anos a gente tem visto
acontecer.
Então, eu queria
deixar uma mensagem de apoio a essa luta, que é permanente, pois nós vemos, no
nosso dia a dia, que a grande maioria dos desastres que têm ocorrido está
voltada e focada na questão ambiental. O mundo está mudando, o meio ambiente
tem que ser cada vez mais valorizado, e a Agapan foi e até hoje é a
protagonista disso. Ela vem fazendo um grande trabalho, fez com que o meio
ambiente começasse a ser valorizado em todo País e até na questão do nosso
mundo como um todo. Eu quero deixar um abraço a todos. Saúde e longevidade à
Agapan! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Eram essas as
manifestações, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores.
O Sr. Eduardo Finardi
Rodrigues, Presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural,
está com a palavra.
O SR. EDUARDO FINARDI RODRIGUES: Srª
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) Hoje pela manhã nós ouvimos a manifestação do Sr.
Governador do Estado sobre a tragédia que ocorreu no feriado. Nós nos
surpreendemos, porque o Governador foi muito enfático em relação àquilo que nós
estamos dizendo já há bastante tempo: que esses acontecimentos são um reflexo
do aquecimento global que atinge a Terra toda, e nós não somos exceção. Eu
lembro isso porque há algumas informações, como a da Marinha Americana, por
exemplo, prevendo, entre 2013 e 2017, o total derretimento da calota do Polo
Norte, e, com isso, já há previsões de disputas bélicas pelas rotas mercantes
que se criarão por ali. Temos também, pelos dados do IPCC, da ONU, a previsão
para o ano de 2050 de 75 milhões a 150 milhões de refugiados climáticos no
mundo, pessoas que serão desalojadas do seu local pela inabitabilidade causada
pela nossa economia baseada no carbono, que é o causador do efeito estufa, que
aquece a terra, isolando os raios solares, que deveriam voltar ao espaço
sideral, provocando essas mudanças. Neste momento, não temos indícios de que
isso vá diminuir; pelo contrário, infelizmente, o que se espera é que esses
eventos se intensifiquem aqui no Rio Grande do Sul, sabe-se lá a que distância
de nossas moradias. Desse modo, a luta ambiental nunca foi tão necessária e tão
importante, principalmente frente à falta de consenso das nações no sentido de
ter uma atitude mais enfática e mais consequente na substituição do nosso
modelo de desenvolvimento.
A Agapan hoje
completa 40 anos de história de luta pela preservação da vida planetária.
Fundada em plena ditadura, sob a vigilância dos órgãos de informação e
repressão do regime militar no Brasil, a Associação Gaúcha de Proteção ao
Ambiente Natural e seus ativistas correram riscos ao colocarem em prática o
lema inaugural do movimento ambientalista: “Pensar globalmente, agir
localmente”. Primeira entidade ambiental do Brasil, pioneira na abordagem do
debate ambiental, foi declarada de utilidade pública estadual e municipal. É
uma das mais importantes entidades ambientalistas do Rio Grande do Sul, das
mais respeitadas no Brasil e em vários outros países, o que é motivo de orgulho
para todos nós, membros da Associação.
Há 40 anos, a
trajetória da Agapan começou no combate às podas indiscriminadas das árvores de
Porto Alegre e no incentivo à criação de praças, parques e reservas. Nos anos
70, a Agapan protagonizou a defesa das árvores urbanas, tendo como marco a
subida, pelo militante Carlos Dayrell, numa tipuana, em frente à Faculdade de
Direito da UFRGS; a árvore estava prestes a ser cortada em função da construção
do viaduto na Av. João Pessoa. Sem isso, Porto Alegre não seria uma das cidades
mais arborizadas do País, não fosse o incansável trabalho dos nossos
associados, em especial do Augusto Carneiro, que até hoje, com seus 88 anos,
continua brigando pela manutenção de nossas árvores.
Também naquela época,
alertamos a sociedade sobre a devastação da Amazônia, sobre as queimadas;
defendemos a educação ecológica, a criação de órgão públicos de administração
ambiental; atuamos firmemente contra a caça indiscriminada, contra o uso de
agrotóxicos; lançamos campanhas contra o uso de carvão para geração de energia
e contra as usinas nucleares - lutas que marcaram a história da entidade desde
o início, na década de 70; marcaram e marcam. Durante a campanha de
redemocratização do Brasil, a pressão do movimento ambiental, inclusive gaúcho,
garantiu, em 1988, a introdução do capítulo do meio ambiente na Constituição do
Brasil, com instrumentos importantes para a política urbana como o zoneamento
ambiental, as Zonas Especiais de Interesse Social, o Relatório de Impacto de Vizinhança,
o EIA-RIMA e outros mais. Também não podemos esquecer, no art. 14, o referendo
popular, plebiscito - aliás, aqui em Porto Alegre foi realizada uma consulta
popular, então é um assunto corrente aqui também. Participamos elaboração das
leis dos agrotóxicos, das águas, dos resíduos sólidos, do Código Estadual do
Meio Ambiente e incentivamos o uso das tecnologias limpas.
Em agosto de 1988,
subimos na chaminé da Usina do Gasômetro para alertar a sociedade sobre o
projeto Praia do Guaíba, que iria permitir construções na orla. A repercussão
daquele ato é o que nos garante até hoje o acesso público ao Guaíba para
tomarmos chimarrão e apreciarmos o pôr do sol e também uma cidade mais salubre,
porque imaginem toda a orla tomada por prédios, o que, aliás, é um risco que
ainda corremos. Lembro que, em agosto de 2009, participamos da consulta popular
sobre o projeto Pontal do Estaleiro, quando, novamente, a maioria dos eleitores
se posicionou contra a privatização da orla do Guaíba. Na década de 90, a
legislação continuou a ser aperfeiçoada, com a elaboração das Leis Orgânicas
Municipais, cujos debates e artigos têm muito da indicação da nossa Associação.
O combate aos transgênicos, às queimadas, à poluição das águas, ao
patenteamento dos seres vivos, à incineração de resíduos sólidos, à
silvicultura e às hidrelétricas, como as de Barra Grande, Jaguari, Taquarembó e
Belomonte, foram os focos de atuação e luta da Agapan, já neste século XXI.
Fortalecemos nossa
oposição aos megaempreendimentos; hidrelétricos, loteamentos, por exemplo.
Denunciamos a flexibilização da legislação ambiental estadual, notadamente o
Projeto de Lei Estadual nº 154, que, no ano passado, conseguimos barrar,
juntamente com várias outras entidades ambientalistas, no Legislativo gaúcho. A
preservação da biodiversidade do Pampa Gaúcho e o combate à monocultura
florestal com espécies exóticas, incluindo a elaboração de políticas públicas
contra o capim annoni e demais espécies invasoras, fortaleceram a nossa
atuação, inclusive nos Planos Diretores Urbanos e Ambientais, buscando um
modelo sustentável também para a chamada Metade Sul do Estado.
São lutas que marcam
a história da Agapan neste século. E uma das nossas bandeiras - a luta contra a
energia nuclear - voltou à mídia com o vazamento de urânio em Fukushima, bem
como a polêmica proposta de alteração do Código Florestal Brasileiro, cujo
substitutivo tramita no Congresso Nacional. Com 40 anos de lutas, a Agapan
segue com novos desafios. O caos climático, com aquecimento global,
derretimento de geleiras, vendavais e chuvas intensas, faz com que a Agapan
mantenha o foco global, com atuações locais. Assim, implementamos na prática o
lema do ambientalismo: “Pensar global, agir local”. É nesse sentido que
pretendemos manter campanhas internacionais contra o patenteamento da vida, os
processos industriais que geram dioxinas, como a incineração do lixo e o uso de
cloro e seus derivados no branqueamento da celulose para produção de papel.
Enfatizamos ainda a importância de uma legislação inibidora de embalagens
descartáveis, a não canalização dos arroios e o fomento à segurança alimentar,
baseada na produção e consumo de alimentos ecológicos.
As origens da Agapan
ainda pulsam em nossas lutas. As bases que originaram o surgimento da Agapan
datam da década de 30. Naquela época, o fiscal Henrique Luis Roessler, na
década de 1930, escrevia no jornal Correio do Povo, denunciando caça e pesca
predatórias. Em abril de 1971, com a iniciativa de Augusto Carneiro, Hilda
Zimermann, Mozart Pereira e alguns mais, foi fundada a Agapan, sob a liderança
de José Lutzenberger, dando continuidade à obra iniciada por Roessler.
Lutzenberger viveu até 2002. Ele dizia que, mesmo que soubesse que o mundo
fosse acabar em três dias, continuaria fazendo a mesma coisa, continuaria a fazer
o que considerava certo, digno e correto como expressão de sua consciência
ecológica.
Propomos um novo
projeto civilizatório voltado à ecologização participativa da sociedade,
através da defesa da biodiversidade e da busca de um modelo civilizatório
autônomo, harmônico, socialmente justo e ecologicamente sustentável, missão da
Agapan, que segue mantendo o lema: “A vida sempre em primeiro lugar!”
Agradecemos a oportunidade que nos foi concedida pela Casa do Povo
porto-alegrense e destacamos que o nosso pioneirismo histórico e político no
movimento ambiental é motivo de orgulho e é o que nos fortalece para seguirmos
com os novos desafios na luta pela preservação ambiental do Planeta. Nomes de
vários ex-Presidentes e membros fundadores da Agapan já foram mencionados, e
quero lembrar ainda a pessoa do Professor Flávio Lewgoy, que talvez seja o
membro mais destacado da Agapan, junto com Augusto Carneiro, neste momento.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Eduardo e o
Celso aqui representam essa valorosa equipe, além de seus ex-Presidentes,
cidadãs e cidadãos honorários aqui presentes, que têm uma grande militância.
Parabenizamos o Ver. Beto Moesch por trazer o tema e os vários Vereadores que
aqui se manifestaram. Nós e a cidade de Porto Alegre queremos agradecer a
existência da entidade, que cada vez mais se torna imprescindível. Contaram-me
que a primavera aqui em Porto Alegre só tem flores por causa da Agapan, é
verdade? Então, vocês imaginem! Uma das lutas da Agapan foi contra as podas.
Assim, as flores se manifestam em todo o seu vigor pela Cidade, uma das
características mais belas de Porto Alegre.
Tivemos o debate do
Código Ambiental aqui nesta Câmara, que se posicionou através de uma Moção
entregue à Ministra do Meio Ambiente na semana passada: há necessidade de muito
mais discussão neste País, e foi solicitado que sejam retirados mecanismos de
atropelo na votação de alterações no Código Florestal. E não é só esse, vários
debates esta Cidade está enfrentando: em relação à proteção da sua orla, também
sobre o Morro Santa Teresa, o Comitê do Delta, que nós queremos que seja
preservado como patrimônio da humanidade, pela sua biodiversidade; são temas
que têm encharcado a nossa Casa. Então, nós precisamos da Agapan forte, da
Agapan aguerrida, ousada, sacudindo, problematizando esses tantos investimentos
que, às vezes, esquecem do meio ambiente, do equilíbrio ambiental. Parabéns a
todos vocês, longa vida à Agapan! Obrigada.
Estão suspensos os
trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às 15h39min.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon – às 15h40min): Estão reabertos os trabalhos.
O Memorial da Câmara
comunica a instalação da Exposição Lutzenberger, do seu acervo de exposições
itinerantes, aqui no saguão do Plenário Otávio Rocha, em homenagem aos 40 anos
da Agapan e 10 anos de falecimento de José Lutzenberger, a serem assinalados no
mês de maio próximo. A exposição é composta por vinte banners, que são emprestados para escolas e instituições.
O Ver. Airto
Ferronato está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
Antes, solicito ao
Ver. DJ Cassiá que assuma a presidência dos trabalhos, para que eu possa me
despedir dos convidados.
(O Ver. DJ Cassiá
reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores aqui presentes, na
quarta-feira passada nós estivemos na Infraero, numa reunião com o seu
Superintendente, o Sr. Jorge Erdina, para tratarmos de uma série de questões relativas
ao Aeroporto e à Copa do Mundo. Foi na quarta-feira passada à tarde, e eu sei
que aqui tivemos manifestações contrárias à nossa ida até lá. Primeiramente,
quero comunicar que essas manifestações contrárias não procedem. Foram sete
Vereadores, e a Câmara de Vereadores tem 36 Vereadores; então, se não houve
quórum, se não deu para votar, se foi problema de condução, a culpa não foi
nossa, meu caro Presidente. Eu já comuniquei à Presidência os nomes dos sete
Vereadores que foram à reunião para tratar de assunto relativo ao Aeroporto.
Conforme a reunião
que houve sobre a Copa, nós combinamos que o primeiro encontro seria no
Aeroporto, com a Infraero, e eu fui incumbido de marcar esse encontro. Na
semana retrasada telefonei ao Superintendente, que me informou que poderia nos
receber na quarta-feira, porque depois ele iria a Brasília e só poderia nos
receber após quinze dias. Então nós fomos lá. E quero registrar que, na semana
retrasada, Ver. Haroldo, as notícias da imprensa nos davam conta - o IPEA publicou
uma pesquisa - de que, dos treze aeroportos do País, no mínimo nove não
estariam em condições de receber a Copa, e eles diziam que Porto Alegre estaria
incluída nesses nove. Pela informação que recebemos do Superintendente, está
encaminhada a questão: Porto Alegre vai ter, meu caro Presidente, o Aeroporto
em condições de atender, ao menos minimamente, o que exige a nossa FIFA. É uma
notícia interessante para nós.
Alegam que temos a
expansão da pista por executar: ou se executa com a engenharia do Exército, ou
se licita. O Exército talvez não possa executar, pela quantidade de obras cuja
responsabilidade de execução já assumiu. Se o Exército tiver condições, ele
executa, e não se fazem licitações. A ampliação do terminal de cargas está em
andamento; a licitação para elaborar o projeto da ampliação do terminal de
passageiros vai ser aberta dia 29. O Superintendente informa-nos, Ver. Dr.
Raul, que existem três questões que dependem basicamente da Prefeitura: a
remoção de algumas famílias daquela parte em que temos proprietários; há uma
disputa entre seis inquilinos, que não aceitaram a negociação com os
proprietários, uma tratativa que pode se resolver quando mais próximo, e ele
nos falou que existe um projeto na Prefeitura para as desobstruções dos obstáculos
que há ali. Quanto a isso, nós nos comprometemos a fazer uma intermediação para
agilizar. Devo receber o número do processo nesta semana, e passarei a V. Exª,
meu caro Ver. Dr. Raul, e aos demais Vereadores coordenadores. Um abraço a
vocês.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (DJ
Cassiá): Solicito a abertura do
painel eletrônico para verificação de quórum, a fim de entrarmos na Ordem do
Dia. (Pausa.)
(Manifestação fora do
microfone do Ver. Carlos Todeschini. Inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Mas o senhor
não havia pedido Comunicação de Líder. Não havia ninguém inscrito, Vereador!
Vereador, em Comunicações não há mais inscritos e também não havia nenhuma
inscrição em Comunicação de Líder. O senhor está pedindo, o que é outra
situação, mas não havia ninguém inscrito, Vereador.
(Manifestações fora
do microfone do Ver. Carlos Todeschini. Inaudíveis.)
O SR. PRESIDENTE (DJ Cassiá): Eu peço a
compreensão das Sras Vereadoras e dos Srs. Vereadores para o
seguinte: estávamos ainda no período de Comunicações e temos que cumprir o que
está aqui. Foi um equívoco da Mesa, devido a outras Lideranças que já haviam se
pronunciado. Os nossos convidados da tarde já tinham se pronunciado, mas não
haviam ainda se manifestado todos os Vereadores inscritos em Comunicações.
Então, houve um equívoco, peço desculpas ao Ver. Dr. Thiago.
O Ver. Dr. Thiago
está com a palavra em Comunicações.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Ilustre Sr.
Presidente, Ver. DJ Cassiá, quero parabenizá-lo, pois é nesses momentos que
efetivamente a gente observa, Srs. Vereadores, a diferença de caráter das
pessoas. Parabéns, Ver. DJ.
Quero utilizar o
período de Comunicações de hoje para fazer alguns relatos. Acabamos de vir de
uma reunião com o Secretário-Adjunto da Saúde, o Sr. Marcelo Bosio.
Encaminhamos, com o Conselho Distrital de Saúde da Região do Extremo-Sul e
algumas associações de moradores, o interesse da comunidade em relação à
mudança da forma de trabalho de algumas Unidades. Falo especialmente da Unidade
de Saúde do Lami, que atende uma comunidade que realmente está precisando e que
merece uma atenção mais especial da Secretaria Municipal de Saúde. Nós
protocolamos - inclusive eu o fiz pessoalmente - uma solicitação no sentido de
que se reestruture aquela Unidade de Saúde com uma reforma ou com a construção
de um novo prédio. Tudo isso vai depender da avaliação técnica da Secretaria
Municipal da Saúde e, sem dúvida nenhuma, mudando a forma e o mecanismo de
trabalho para Programa de Saúde da Família. A partir daí, vamos ter uma região
completamente coberta - essa é a ideia -, e aquelas 5,8 mil fichas famílias que
há na Unidade vão ser cobertas pelas equipes de Saúde da Família. Então, quero
agradecer a cordialidade dispensada às lideranças da comunidade e a este
Vereador pela Secretaria Municipal da Saúde.
Também estivemos lá
com algumas associações - Associação dos Moradores da Flores da Cunha,
Associação dos Moradores da Vila Santa Mônica, Associação Geral dos Moradores
do Bairro da Ponta Grossa, Associação dos Moradores do Túnel Verde -, no
sentido de solicitar que essas comunidades possam ser atendidas por equipes de
Saúde da Família. Dos terrenos a comunidade já dispõe; à medida que houver
possibilidade, que a gente possa discutir o atendimento dessas comunidades
pelas equipes, que têm os agentes comunitários de saúde, os técnicos de
enfermagem, as enfermeiras e os médicos. Grande parte dessas comunidades, hoje,
possui um vazio de atendimento, e elas acabam sendo atendidas em Belém Novo,
mas com muita dificuldade, exatamente pela exiguidade de profissionais. Nós
acreditamos - por isso votamos aqui e defendemos o Instituto de Saúde da
Família - que essas comunidades agora poderão ser atendidas. Então, deixo um
forte abraço e quero comungar do desejo dessas comunidades.
Também quero usar o
período de Comunicações para fazer alguns relatos de situações que temos
observado caminhando pela Cidade. Verª Sofia Cavedon, eu gostaria de solicitar
Comunicação de Líder, por gentileza.
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Dr.
Thiago Duarte, a partir deste momento, está com a palavra para uma Comunicação
de Líder.
O SR. DR. THIAGO DUARTE: Na última
terça-feira discutimos profundamente a questão da tuberculose na Comissão de
Saúde e Meio Ambiente e estivemos no HPS, no seu aniversário de 67 anos. Quero
dizer aqui o que disse no HPS para todos os colegas enfermeiros, técnicos de
enfermagem, médicos, todos os 1,5 mil servidores que trabalham no HPS: o HPS só
chegou aos 67 anos graças ao empenho e à dedicação desses servidores; sem
dúvida nenhuma, o HPS é os servidores do HPS. Que possamos, com a Copa, ampliar
as ações do HPS. Com a sua ampliação e readequação, vamos transformá-lo na
grande UTI da Cidade. Sabemos que, com essa reforma - o grupo técnico, o Dr.
Júlio e companhia, já nos mostrou -, dos 28 leitos de UTI, passaríamos a quase
sessenta. Sem dúvida nenhuma, esse é um legado de que a Cidade não pode
prescindir. É um legado que a Copa deixa para a Cidade, e a Cidade não pode
prescindir dele.
Gostaria também de
convidar os Vereadores para participarem das nossas visitas, Ver. Dr. Raul
Torelly e Ver. Beto Moesch. Amanhã visitaremos o Pisa, uma solicitação de Vossa
Excelência. Vamos poder acompanhar in
loco, de perto, as obras do Programa Socioambiental, que certamente vão
modificar a questão da relação da Cidade com o Guaíba; sem dúvida nenhuma, com
o transporte fluvial, que temos defendido, Ver. Beto Moesch, integralmente aqui
na Casa, vamos aumentar a relação da Cidade com seu rio.
Quero aqui convocar
todos para também discutirem outros temas vinculados à saúde e ao meio
ambiente, como, por exemplo, as praças. Temos aqui uma Comissão composta por
vários Vereadores e já temos algumas visitas marcadas às praças de Porto
Alegre. Então, as pessoas podem, por e-mail,
relacionar-se com qualquer um dos membros da Comissão de Saúde - com o Ver.
Oliboni, com o Ver. Todeschini, com o Ver. Beto, com o Ver. Dr. Raul, com este
Vereador, com o Ver. Mario Manfro -, no sentido de apontar para esse conjunto e
para essa Comissão as praças que podem e devem ser visitadas, para que a gente
efetivamente possa contribuir com a Cidade nessa discussão.
Quero dizer, já está
finalizando o meu tempo, que a questão do Plano de Carreiras de Cargos e
Salários, Ver. Dr. Raul, certamente é uma luta que nós temos, a cada dia,
galgado um passo. A gente entende a dificuldade e certamente a angústia dos
colegas que têm nesse ponto muitas vezes uma situação basilar que vai acabar
direcionando a sua vida: ou vão permanecer no Município ou vão se exonerar. E o
que a gente pede é compreensão, paciência, mais uma vez, desses colegas, porque
a situação está avançando, temos certeza de que vamos atingir pelo menos o
mínimo para que se possa avançar e fazer com que os especialistas permaneçam no
Município de Porto Alegre.
Por fim, quero falar
novamente da questão do transporte fluvial. Eu realmente tenho sido um
entusiasta nesse sentido. Hoje, mais uma vez, lá no bairro Lami, ao caminhar
pela beira da praia, observei as áreas que precisam de uma dragagem bem menor
para que se possa ali abarcar o Catamarã. E, a cada notícia, a cada momento, eu
observo mais essa questão e chego à conclusão de que cada vez mais é possível,
é viável, ter o transporte fluvial em Porto Alegre. Que se possa ter, sim, a
primeira parte do metrô, como se está apregoando, como o Prefeito está
apregoando, como estão apregoando as grandes lideranças, que, de forma
multipartidária, têm apontado nesse sentido, mas que, sem dúvida nenhuma,
possamos ter outro modal para a Zona Sul de Porto Alegre, e que esse modal
possa ser o transporte fluvial, um transporte ecologicamente correto. É como
diz sempre o Ver. Beto Moesch: “A estrada está pronta” - a estrada é o rio e
está pronta. Que realmente possamos avançar nesse sentido! Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Vereadores,
apenas esclarecendo: o Ver. DJ Cassiá chamou a Ordem do Dia porque, de fato,
era o próximo momento, mas, como houve muitas interrupções, falas de
Lideranças, o Vereador acabou não se dando conta de que ainda faltavam dois
oradores no período de Comunicações, portanto é possível garantir a Comunicação
de Líder ao Ver. Carlos Todeschini.
O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Srª
Presidente, Verª Sofia Cavedon; membros da minha Bancada, do Partido dos
Trabalhadores; demais Bancadas, em especial a Bancada de oposição; aqueles que
nos acompanham nas galerias, os que nos assistem pela TVCâmara, os que nos
ouvem pela Rádio Web, eu venho aqui retomar um assunto que tem quase cinco
anos, mas que agora apresenta desdobramentos muito importantes para a cidade de
Porto Alegre.
O jornal Correio do
Povo, de quinta-feira, dia 21, traz a notícia que o ex-Diretor do DMLU é
denunciado pelo Ministério Público (Lê.): “O Ministério Público Estadual
ajuizou ação, por improbidade administrativa, contra o ex-Diretor-Geral do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana, Garipô Selistre, e mais um grupo de
servidores da autarquia, de Porto Alegre. O MP não repassa detalhes da denúncia
por conta do segredo de justiça do processo. Além da condenação, a denúncia
pede que os envolvidos devolvam 212 mil reais, em valor atualizado,
equivalentes ao que foi gasto no edital da concorrência. Em 2006, na primeira
gestão do ex-Prefeito José Fogaça, suspeitas de favorecimento em licitação para
os serviços de coleta de lixo levaram o MP, o Ministério Público de Contas e a
Polícia Civil a instaurar uma Força-Tarefa para apurar as denúncias. A
representação contra Selistre é resultado da iniciativa encabeçada pelo
Promotor César Faccioli; o Procurador-Geral do MPC, Geraldo da Camino, e a
titular da Delegacia Fazendária da Polícia Civil, Patrícia Pacheco.”
Estou trazendo isto,
porque é notícia recente da semana, e está aqui o processo da ação civil pública,
movida por este Vereador na época. (Mostra documentos.) Obtivemos resultado no
dia 29 de julho de 2006, Verª Maria Celeste: a sentença determinou a suspensão
daquela licitação que o DMLU fazia de forma viciada, direcionada e com grandes
índicos de fraude. Pois bem, nós conseguimos, através dessa ação cível - toda a
documentação está aqui presente -, a suspensão da licitação, fazendo com que o
DMLU retomasse da estaca zero todo o processo. Com isso, foi impedida uma
licitação, um contrato, em Porto Alegre, que estimava um superfaturamento de
240 milhões de reais. Duzentos e quarenta milhões de reais! Estão aqui todas as
provas. Como a licitação foi anulada na véspera, agora os dirigentes da época e
o ex-Prefeito, denunciados pelo Ministério Público, devem pagar as custas
processuais, as custas da licitação. Isso equivale a 212 mil reais a valores de
2006, o valor atualizado talvez chegue a 350 ou 400 mil reais.
Venho fazer esse
registro porque os processos demoram. A Drª Neiva Martins, advogada na época,
pediu essa liminar e pediu que a Justiça determinasse aos réus, que são os
dirigentes do DMLU, ex-Diretor Garipô Selistre e outros, bem como o ex-Prefeito
José Fogaça, que pagassem as custas judiciais. E assim eles foram condenados a
pagar as custas judiciais, o que implica culpabilidade do processo, e agora
eles terão que devolver os recursos gastos no processo licitatório, que não foi
pouco. É bom lembrar que nós tentamos a instauração de uma CPI na época,
conseguimos até 12 votos, mas o Governo atuou com sua força para retirar duas
das assinaturas. Agora a justiça está sendo feita pela Justiça, e os que devem
vão devolver esse dinheiro aos cofres públicos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra em Comunicações.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, tem-se travado um
debate em torno do transporte e do trânsito na cidade de Porto Alegre. No que
respeita ao trânsito, temos afirmado que, de uns tempos a esta data, não se
construíram obras artificiais, e as que se fizeram... Aliás, apenas se fez uma
grande obra, mas com defeitos congênitos, que é a 3ª Perimetral. Não se abriram
espaços, e as áreas de circulação estão exauridas. Ver. Brasinha, há uma
exaustão do trânsito. Essa é uma questão.
Sobre a questão do
transporte, muitas vezes se ouve dizer: “O transporte em Porto Alegre é ruim”.
Baseados em que se diz que o transporte em Porto Alegre é ruim? O padrão do
transporte coletivo em Porto Alegre é da melhor qualidade! Podemos trabalhar no
comparativo? Sim, podemos; podemos trazer à colação cidades brasileiras e
cidades de fora do País em termos de qualidade. Na questão da tarifa, há outra
discussão: “A tarifa é cara”. A tarifa do transporte coletivo está normatizada
por uma metodologia de cálculo, que pode ser discutida; agora, precisamos
discutir a metodologia de cálculo. Por outro lado, trabalha-se também com os
modais: estão aí os modais para o lotação, o que é importante, mas temos que
trabalhar com cuidado.
E falo isso porque
fui Secretário dos Transportes num momento difícil, no momento mais difícil do
transporte, eu diria, brasileiro, nas capitais, quando conseguimos avançar para
o vale-transporte. Incendiavam ônibus pelo País. As frotas estavam
envelhecidas. Nós tínhamos uma frota - naquele período de 1987, 1988 -, na
média, de oito anos, oito anos e meio, ela estava envelhecendo, por quê? Porque
não tinha remuneração, porque a fiscalização social era quase que selvagem. E nós
tivemos episódios - é bom rememorar - que custaram muito caro para a cidade de
Porto Alegre. A intervenção no transporte coletivo em Porto Alegre, com aquele
discurso político e não técnico, levou-nos à bancarrota. Pagamos dez milhões à
época; fez-se a intervenção no transporte coletivo, e devolveu-se o transporte
coletivo em frangalhos.
Então, vamos devagar
nessa discussão. Vamos caminhar devagar nessa discussão, porque nós já
conhecemos, já sabemos como se deram e como se dão as coisas. Não quero dizer
que o transporte é uma maravilha, tem que se fazer, nem digo que ele seja
barato. Aliás, já disse nesta Casa que a tarifa única é injusta, mas a culpa é
do bairro Restinga, é sim. Criou-se no bairro Restinga um plano habitacional
maravilhoso, e, quando fizeram o transporte, disseram: “Olha, ou se faz a
tarifa única, ou então nós não temos como fazer o transporte do bairro
Restinga”.
O Sr. Alceu Brasinha: Vossa Excelência
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Elói, certamente o senhor tem
propriedade para falar, porque foi Secretário, sabe o quanto é bom o transporte
aqui no Município de Porto Alegre. Dificilmente, aqui no Rio Grande do Sul ou
no Brasil, haja um transporte com tanta qualidade como temos em Porto Alegre. É
sério. O que temos que fazer? O debate sobre as isenções, porque são muitas
isenções, e isso encarece o transporte. Tirando as isenções, baixará a tarifa
de ônibus.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a Vossa
Excelência. Agradeço à Presidente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Alceu
Brasinha está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ALCEU BRASINHA: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, o Ver. Todeschini não está aqui neste momento, mas
ele voltou a cobrar do Prefeito José Fogaça. Como ele gosta de mostrar o
passado! Por que ele não mostrou todos os processos que teve no DMAE? E não
foram poucos. Como o Prefeito José Fogaça não está aqui para se defender,
simplesmente o Vereador gosta de falar. Fogaça foi um Prefeito com atuação, com
qualidade e honestidade. Esta Cidade jamais teve um Prefeito tão competente
como José Fogaça. Eu quero acreditar sempre na sua honestidade. Ele passou o
Governo para um Prefeito que também tem altura, que conseguirá levar Porto
Alegre, certamente, para melhores condições, o José Fortunati.
Ver. Elói, eu quero
falar também no setor de transporte. Claro que o transporte, hoje, em Porto
Alegre, meus amigos, custa caro, mas isso é devido às isenções, Ver. Cecchim.
Eu acho que está na hora de discutirmos essas isenções, são muitas isenções. Os
empresários não aguentam mais tantas isenções. Aí, quando têm que bater, batem
no empresário, batem no setor público, por quê? Eu acho que está na hora de
fazermos esse debate para sabermos qual é a isenção correta para ser usada pela
população, se é na segunda-feira, quem sabe, para aquele cidadão que quer
procurar emprego, que está desempregado, Ver. DJ Cassiá. Olha, nesta Cidade,
todo mundo reclama que as isenções são muitas. Eu acho, Ver. Elói, que tínhamos
que buscar esse debate e atualizar, porque não podemos só dizer que a tarifa
está cara, também temos que ver o outro lado: as isenções, que são muitas. Nós
temos um Vereador que trabalha nessa área. Eu acho que está na hora de
debatermos esse assunto e vermos o que é certo, o que é bom para Porto Alegre.
Eu tenho andado por
aí, tenho andado muito em algumas cidades. O transporte, por exemplo, em
Florianópolis, é caótico: não há ônibus, as pessoas estão cobrando. É uma
cidade bonita e limpa, mas enfrenta problemas no transporte. Aqui em Porto
Alegre, praticamente, o transporte é bom, é muito bom. Transporte de qualidade,
igual ao de Porto Alegre, que é uma Cidade grande, tu não vais achar em parte
nenhuma do Brasil ou, quem sabe, do Exterior.
Quero falar dos
pequenos empresários, que estão sofrendo muito com os grandes que vêm por aí. O
pequeno empresário sofre muito, muito, muito. Os Vereadores Toni Proença,
Idenir Cecchim e Bernardino Vendruscolo sabem o quanto é difícil para o pequeno
empresário. Como é difícil! Se fosse bom, todo mundo seria empresário, Ver.
Cecchim, daria emprego, contribuiria mais. Mas ser empresário lá fora é quase
impossível. Meu amigo Toni Proença, eu costumo dizer que o pequeno empresário,
o médio empresário, até o grande, “mata dois leões por dia” e deixa “dois leões
para o outro dia, olhando para eles”. E, no outro dia, começa tudo, novamente.
Vejo aqui Vereadores
que defendem bancos e financeiras, como o Ver. Nedel. Por que eu não o vejo
defender o pequeno? Nunca vi o Ver. Nedel vir aqui defender o pequeno, o médio
empresário, aquele que dá emprego lá na ponta. Hoje é o Dia do Contabilista, e
o Ver. Nedel é um contador, inclusive gostaria de dar os parabéns para ele e
peço o seu apoio para os pequenos, não para os grandes. Quando venho a esta
tribuna, sempre defendo e vou defender o pequeno empresário, Ver. Tarciso,
porque o pequeno sofre muito. O pequeno é formado por uma empresa familiar,
geralmente é o irmão, o cunhado, a cunhada, que trabalham na empresa. Então
seria isso. Muito obrigado.
(Não revisado
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Beto
Moesch está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. BETO MOESCH: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, mais um dia para o Brasil de notícias
estarrecedoras, que têm sido corriqueiras; desabamentos de morros onde habitam
pessoas - vejam como está corriqueiro isso. Agora ocorreu em Igrejinha, Ivoti,
Novo Hamburgo, e, lamentavelmente, além de milhares de pessoas atingidas, houve
doze mortes, são pessoas daqui da Região Metropolitana. E é impressionante,
porque, enquanto nós estamos falando agora, várias casas estão sendo
construídas em morros, em encostas e em beiras de recursos hídricos. Neste
momento, são várias, inclusive em Porto Alegre. E sempre foi assim! Nunca houve
uma política de congelamento de ocupação dessas áreas e muito menos o
reassentamento dessas famílias em proporções mínimas para garantir humanidade a
essas pessoas. Esse é o grande problema socioambiental do País!
O Governador Tarso
Genro hoje - de um lado é positivo - reconheceu que isso é fruto das mudanças
climáticas. Por outro lado, nós nunca tivemos uma política do Governo Federal,
porque isso inclui, Ver. Elói, o Ministério das Cidades, o Estado do Rio Grande
do Sul e os Municípios. Há raríssimas exceções, nós temos alguns casos pontuais
de algumas cidades que evitam e conseguem congelar a ocupação nessas áreas. No
morro Tapera, em Porto Alegre, por exemplo, conseguiu-se, é uma exceção, mas se
conseguiu! Outro exemplo é o morro São Pedro. O Morro da Cruz é ao contrário,
ele foi consolidado como uma área de risco, está toda pavimentada, com escolas,
creches, e é uma área de risco. É uma bomba-relógio consolidada pelo Poder
Público, assim como o Morro do Bumba, em Niterói, que depois desabou! Idem,
igual! O Governador Tarso Genro disse que o que aconteceu em Igrejinha,
Petrópolis e Novo Hamburgo não acontece em Porto Alegre, porque, nos seus
dezesseis anos de Governo, se fez muito nas áreas de risco. Não se fez quase
nada, por favor! O Morro da Cruz é o exemplo! A mata ciliar, à beira do arroio
Feijó, ao lado de Porto Alegre, é outro exemplo, deixou-se invadir! Houve a
invasão naquele período!
Então, nós temos que
diagnosticar, e é por isso que se está tentando mudar o Código Florestal. Não
bastou degradar tanto que se degradou, querem degradar mais ainda, como se a
degradação não fosse suficiente para nos empobrecer, Ver. Elói. Degradou-se,
degradou-se e degradou-se! Enriquecemos por causa disso? “Ah, mas na Europa se
degradou”. Não, nós degradamos aqui no Rio Grande do Sul tanto quanto na
Europa, e nem por isso enriquecemos; ao contrário, empobrecemos! Então, a
alteração do Código Florestal que está aí vai afetar, sim, a nossa Cidade,
porque muitos dos mecanismos que nós conseguimos colocar no dia a dia para
segurar os remanescentes nós vamos perder com a alteração do Código Florestal,
uma das alterações é a eliminação do dispositivo que protege as matas dos topos
de morros. Imaginem! Isso altera o campo e a cidade. Constroem essas áreas nas
cidades e cada vez há mais pobreza; cada vez mais se degrada o campo e cada vez
há mais pobreza no campo...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, agradeço ao meu
Líder, o Ver. Idenir Cecchim, pela cedência de tempo. Primeiro, quero cumprimentar
o PSOL por ter entrado no Governo do PT, no Estado, meu querido Pedro Ruas,
quero desejar sucesso.
(Aparte
antirregimental do Ver. Pedro Ruas.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Mas o Dr. Lucio
Barcelos não entrou no Governo? Ah, está licenciado! Mas assim mesmo vão os
cumprimentos, porque é um homem de bem. Isso significa que o PT não terá
maiores oposições aqui dentro em relação ao Governo do Estado. Segundo, eu
quero responder ao meu colega - ex-Diretor do DMAE, homem de bem, é verdade -
Ver. Todeschini, quero dizer que V. Exª mexe num vespeiro. O Partido de V. Exª,
nessa matéria, tem know-how que vem
lá de Ribeirão Preto. Quem começou com essa matéria chama-se Palocci! Aliás,
dizem que para ser Ministro do Governo Federal tem que ter boas passagens por
essa área.
Quero dizer o
seguinte: aqui tem gente que está no primeiro mandato, no segundo mandato, eu
estou no terceiro. E eu desafio a hora, o local para mostrar, Ver. Braz: o Dr.
Campani fez umas cinquenta
contratações emergenciais, ele sempre botava trinta, quarenta, cinquenta,
chegou a botar 100% a mais do valor e estabelecia um prazo para a licitação
findar: janeiro de 2001! Olha, para fazer uma licitação para o lixo, Ver.
Cecchim, demora um ano, um ano e meio, nós sabemos disso. Pois o gestor era o mesmo,
ficou lá uns seis anos e deixava para fazer a licitação quando faltavam 45 dias
- uma coisa caprichadíssima! Aí, ele pegava aquela empresa e entregava lá os
contratos emergenciais; foi fazendo, foi fazendo, e isso tudo foi parar no
Ministério Público! E o seu Campani parece que está em Brasília, não é isso,
Ver. Todeschini? Está em Brasília?
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Ah, ele saiu aqui do
Rio Grande porque não conseguem penhorar os bens dele!? Eu quero dizer que
direito de petição é sagrado, democracia é isso, o Ministério Público cumpre o
seu papel. Aliás, algumas coisas o Ministério Público investiga muito e outras
ele não investiga nada. Por exemplo, quando cederam as salas para a Professora
Luciana, não vi nenhuma representação no Ministério Público - não vi -, e pode
ser que tenha acontecido.
Preciso dizer aos
Srs. Vereadores que os inquéritos da Polícia Federal, quando era comandada pelo
Sr. Tarso Genro, acima do Mampituba tinham um tipo de andamento. O processo
sobre os “Aloprados”, de São Paulo, por exemplo, até hoje está na gaveta, mas
aqui no Rio Grande os processos, os inquéritos correm numa velocidade enorme.
Então, Ver.
Todeschini, volto a dizer o seguinte: o ex-Prefeito Fogaça - de quem nós nos
honramos muito, muito, pela sua passagem pela Prefeitura - deixou a Prefeitura
para concorrer ao Governo do Estado, não ganhou a eleição; é um homem de bem,
correto, digno, honrado. Então, V. Exª, por favor, devagar com o andor que o
santo é de barro! Sobre ações de improbidade aqui e acolá, o Ministério Público
faz o seu papel; agora V. Exª acusar o ex-Prefeito Fogaça... Não faça isso.
Vossa Excelência não está sendo correto ao fazer isso. E quero dizer o
seguinte: marque o local, estabeleça o horário, o dia para debater essa matéria
do DMLU, porque eu conheço essa matéria, e o Dr. Campani tem que devolver os
dois milhões, porque não devolveu. Foi para Brasília, tirou os bens do seu
nome...
(Manifestação
fora do microfone. Inaudível.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Pode convidá-lo para
participar do debate também. Em relação ao Garipô, pode haver indício, mas, em
relação ao Campani, há condenação. E indício tem que ser investigado. Tem que
ser investigado!
Portanto, encerro
dizendo a Vossa Excelência - aliás, um competente Diretor do DMAE, fez uma das
campanhas mais brilhantes que eu vi, quando foi Diretor do DMAE; uma das
campanhas mais brilhantes do ponto de vista de visual... Acho que, depois do
Ver. Todeschini, talvez tenha havido alguns que tentaram chegar perto, há um
que até não é mais Vereador aqui, ele saiu, está no Governo do Estado, esse é
parecido também, do ponto de vista do visual.
(Aparte
antirregimental do Ver. Nilo Santos.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Não, não, parecido;
parecido do ponto de vista do visual. Portanto, agradeço a Vossa Excelência.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Sem mais
inscrições para Comunicação de Líder, solicito abertura do painel para a
verificação de quórum, para entrarmos na Ordem do Dia... Pois não, Ver. Luiz
Braz, que levantou o braço no final da frase “sem mais inscrições para
Comunicação de Líder”!
(Manifestação do Ver.
Luiz Braz.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Não, Ver.
Braz, o Ver. Todeschini falou porque o período de Comunicações não havia
encerrado. Solicito que cancelem a abertura do painel, mas quero deixar claro,
Ver. Braz, que o Ver. Todeschini falou em Comunicação de Líder porque o período
de Comunicações não havia encerrado; senão, ele não falaria.
O Ver. Luiz Braz está
com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Srª Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, agradeço à Presidente desta Casa por
dar um tratamento equânime aos Srs. Vereadores, independentemente dos Partidos
que ocupem nesta Casa.
Ver. Pedro Ruas, V.
Exª, que é um expert na arte do
Direito, ouviu do Ver. Sebastião Melo, outro expert, que o nosso ex-companheiro Darci Campani tirou os bens do
seu nome para não ser executado. Mas isso não é fraude à execução? Tem nome,
não é? É fraude à execução. De repente, isso não adiantaria nada! Estou certo?
Não sou eu o expert; V. Exª é o expert, mas parece que isso tem nome.
Eu acho que realmente
nós estamos muito mal com relação às nossas instituições, porque elas começaram
a se partidarizar, e isso é muito ruim. Nós não podemos ter instituições com
nomes de Partidos. Então, acontece aquilo que citou aqui o Ver. Sebastião Melo,
com muita sapiência: realmente, a Polícia Federal, nas mãos do Dr. Tarso Genro
- um homem que eu admiro, muito sábio, foi Prefeito desta Cidade por duas vezes
-, teve um tipo de ação com relação a Porto Alegre e ao nosso Rio Grande do Sul
e outro tipo de ação em outros locais; um tipo de ação quando envolvia outros
Partidos e outro tipo de ação quando envolvia Partidos adversários ao Dr. Tarso
Genro. Olha, assim fica muito difícil de se ver democracia! Aí, nós vamos para
o próprio Judiciário, Ver. Sebastião - Vossa Excelência é um conhecedor do
Judiciário -, e muitas vezes, em muitas instâncias, encontramos o Judiciário
partidarizado. Um tratamento é dado quando a ação vem de um determinado
Partido; outro tratamento é dado quando vem de outro lado. Então, eu acho que
nós temos que começar a instigar, de uma forma ou de outra, as pessoas a
fazerem com que as instituições sejam isentas, para que possam ser
fortalecidas.
Amanhã, Ver.
Sebastião Melo, nós vamos ter aqui, às 14h, um Procurador da República
discorrendo a respeito daquela CPI que investiga aqui problemas na Secretaria
da Juventude. De repente, estamos até cortando a própria carne, porque afinal
de contas estamos investigando - e fazemos questão disto -, com a maior
seriedade do mundo, coisas que aconteceram dentro deste Governo. O PT é incapaz
disso! Ele esconde toda a sua sujeira debaixo do tapete! Foi assim na época do
Diógenes, lembram? O que eles fizeram com o Diógenes, que era o homem do
transporte coletivo? Ele, primeiramente, foi ser empregado da Marcopolo; depois
foi lá para Portugal, pela própria Marcopolo! E fica tudo assim, eles não falam
nada! Eles se calam! Eu acho que assim a gente não contribui para que a
democracia se fortaleça, porque parece que eles estão mentindo sempre - eu não
gostaria de olhá-los assim, mas parece que eles estão mentindo sempre. Cada
frase, cada palavra dita parece que é uma mentira, Ver. Pedro Ruas! Acho que
devemos olhar da mesma forma quando está nos doendo, quando está nos fazendo
mal e quando estamos olhando os outros, fiscalizando também com rigor. Não
podemos, na verdade, esconder o nosso lixo debaixo do tapete e ficar apenas
apontando na direção dos outros, porque isso pode ser realmente muito perigoso.
Isso é um desserviço que fazemos com relação à democracia. Quem quiser uma aula
de democracia venha amanhã aqui, às 14 horas, porque estaremos discutindo
denúncias relativas à Secretaria da Juventude e fazemos questão de esclarecer
todas as coisas que estão acontecendo naquela Secretaria com relação ao
ProJovem.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): A Verª Maria
Celeste está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
A SRA. MARIA CELESTE: Srª Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, não desejava me manifestar, Ver.
Bernardino, em Liderança de oposição, mas eu o faço depois das últimas
manifestações de Lideranças, que aqui atacaram veementemente o meu companheiro
Ver. Carlos Todeschini, do Partido dos Trabalhadores, Vereador da cidade de
Porto Alegre, como todos nós. Ver. Sebastião Melo, trago aqui matéria do jornal
Correio do Povo (Mostra jornal.) de quinta-feira, 21 de abril, que fala que o ex-Diretor
do DMLU foi denunciado pelo Ministério Público. Fala mais: diz que, além da
condenação, a denúncia pede que os envolvidos devolvam 212 mil reais, em valor
atualizado, equivalentes ao que foi gasto no edital da concorrência. É uma ação
colocada aqui pelo Ver. Carlos Todeschini em 2006, contra o processo
licitatório! Aqui o senhor veio com muita veemência, Ver. Sebastião Melo, o
senhor fazia assim quando era oposição e cuidava também dos processos
licitatórios na época do nosso Secretário Darci Campani. Aliás, o senhor foi um
dos algozes do Secretário Darci Campani, inclusive, parece-me, não perdeu essa
força e essa contundência, porque hoje ainda o senhor lembra aqui das questões
envolvendo o ex-Secretário, quando deveria estar preocupado com as questões
envolvendo o atual Governo, porque já faz seis anos que a Administração
Fogaça/Fortunati está na cidade de Porto Alegre.
Nós somos Vereadores
aqui da cidade de Porto Alegre, e, quando falamos das questões da Cidade, não
significa, Ver. Luiz Braz, que esquecemos das questões nacionais ou mesmo das
questões do Estado, Ver. Pedro Ruas. Não é verdade que nos calamos; nós também
repudiamos atos de corrupção em qualquer Governo, em qualquer instância, como
qualquer um dos Vereadores que aqui estão. Agora, nós somos Vereadores de Porto
Alegre, e este debate que se faz todas as tardes, aqui no plenário, faz-se
sobre Porto Alegre, cuida-se de Porto Alegre, fiscaliza-se a gestão em Porto
Alegre - essa é a tarefa do Vereador. Portanto, nós temos que nos colocar e temos
que nos referir, no debate desta tarde, sobre a gestão de Porto Alegre.
Eu gostaria de vir
aqui parabenizar o Governo Municipal no sentido de que não precisasse devolver
212 mil reais, eu gostaria de vir aqui parabenizar o Governo Municipal por ter
usado devidamente esse recurso, coisa que o Ministério Público diz que não fez.
O Ministério Público está cobrando a devolução do valor aos cofres públicos não
apenas do ex-Secretário do DMLU, o Sr. Garipô, mas também do ex-Prefeito da
Cidade, o Sr. José Fogaça. É isso que diz a ação colocada, denunciada,
corretamente, pelo Ministério Público, movida por um Vereador desta Casa. Ou eu
não entendi direito a matéria que saiu no jornal Correio do Povo? Ou nós
estamos falando de coisas diferentes, de coisas diversas? Não, nós estamos
falando da cidade de Porto Alegre.
Da mesma forma, é a
questão do transporte público. Parece que a ação, agora, em relação aos
horários de ônibus e ao serviço do transporte público na Cidade, não é coisa de
Vereador! Mas a população, Ver. Brasinha, está dizendo, sim, que o transporte
coletivo da cidade de Porto Alegre não é tão bom como o senhor relatou aqui da
tribuna. Estamos recebendo e-mails
diariamente da população dizendo que a linha A, B ou C da região A, B ou C não
está condizente com aquele valor que se paga da tarifa.
(Aparte
antirregimental do Ver. Alceu Brasinha.)
A SRA. MARIA CELESTE: Em relação às
isenções, eu quero dizer para o senhor que eu ainda não consegui ver a tabela
dos percentuais que prejudicam as isenções do transporte público. Ainda não nos
foi apresentada. Aliás, esta Casa também deveria receber, no início de cada
ano, antes do aumento da tarifa, esse cálculo, mas, lamentavelmente, não o
recebe, pois aí nós poderíamos ter exatamente uma ideia do que há de isenção
para o transporte público na cidade de Porto Alegre, saberíamos quais são os
custos, que planilha é essa, que, lamentavelmente, a gente não tem recebido nos
últimos anos.
Então, eu quero
dizer, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, com muita tranquilidade,
que nós somos Vereadores e Vereadoras da cidade de Porto Alegre, o debate
político nós o fazemos em nível nacional, estadual, mas temos que cuidar mais
da nossa Cidade. Obrigada, Srª Presidente.
(Não revisado pela
oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): O Ver. Idenir
Cecchim está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo Governo.
O SR. IDENIR CECCHIM: Srª Presidente, Verª
Sofia Cavedon; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu não queria ser
repetitivo, mas tenho que repetir uma coisa: a Verª Maria Celeste tem um grave
problema de hermenêutica, ela não consegue interpretar as coisas que lê, ela
tem uma dificuldade enorme nisso. Ela leu uma denúncia do Ministério Público e
acha que já é uma sentença. Tem que ler melhor, Vereadora, ou pelo menos
interpretar melhor.
A senhora disse aqui,
de viva voz, que a gestão do Campani já passou há muito tempo. Mas o PT tem
esta facilidade de pensar que o povo esquece. O povo não esquece, Vereadora! O
povo não esquece a falcatrua, e a senhora nem tente fazê-lo esquecer. Não pense
a senhora que os 16 anos da Administração do PT, o “mensalão” e toda a
sacanagem que o PT fez pelo Brasil vão ser esquecidos. Não, o povo não se
esquece! Não contem que o povo vá esquecer, Vereadora, só porque faz bastante
tempo. O Sr. Campani foi condenado, e o PT, para escondê-lo, arrumou uma
cedência para ele na UNB de Brasília, provavelmente. “Ah, ele é professor
universitário, então vamos escondê-lo bem longe, ele vai lecionar em Brasília.”
É um direito que ele tem de lecionar, ele é um professor, e isso eu não
discuto! Mas por que um empresário, quando é condenado, Ver. Mauro Pinheiro - o
senhor, que é empresário, também sabe -, por não pagar seu imposto, tem que
devolver o valor, mesmo que seja com a própria casa? Por que alguns têm que
entrar com os seus bens, e o Sr. Campani não precisou vender os seus imóveis
para pagar? E fica por isso mesmo?!
E aí vem aqui o Ver.
Todeschini e a Verª Maria Celeste com cara de anjinhos. Anjinhos! Os documentos
pela metade, Ver. Todeschini, pela metade; coisas pela metade. Por que o senhor
não vem com todos aqueles documentos completos lá do Celso Daniel? Aliás, o
Ver. Sebastião Melo disse muito bem: o PT tem uma especialidade em lixo, uma
especialização, uma pós-graduação em lixo, mas só que tem morte no meio. O PT
não deveria nunca mais falar sobre esse assunto de lixo! Não pode mais falar,
não tem autoridade moral. Aliás, tem uma grande dívida com o Brasil; eles
precisam esclarecer essas barbaridades que fizeram pelo Brasil afora. Ou o PT esqueceu
do Seu Sombra? Esqueceu do Seu Sombra, que matou o seu companheiro?! Matou a
árvore que lhe fazia sombra, e foi condenado, Ver. Todeschini, não foi só
denunciado. Foi condenado e cumpre cadeia! Ou o senhor esqueceu que o Dr.
Palocci, que era o candidato inicial do Lula, caiu do cavalo também por causa
da falcatrua anterior lá de Ribeirão Preto? Para nós até que foi bom, porque
surgiu a Ministra Dilma, que hoje é a Presidente, mas era o Palocci. Não foi só
por causa do caseiro que o viu fazendo festas numa casa oficial, não. Não foi
só por isso.
Então, muito cuidado
quando o PT fala em lixo. Cuidado, porque eles remoeram e reviraram muito lixo
por este País afora. Portanto, vamos parar com esta inocência, vamos parar de
ler notícias pela metade e vamos ter respeito pelos homens sérios deste País.
(Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon): Senhores e
senhoras, combinamos na Reunião de Mesa e Lideranças de hoje que - informo aos
nossos representantes das entidades que atuam com pessoas com necessidades
especiais, pessoas portadoras de deficiência - suspenderíamos rapidamente a
Sessão, para que a Reunião Conjunta das Comissões vote o Relatório da criação
dos cargos na Saúde, para que quarta-feira possamos votar a criação de mais de
duzentos cargos. Peço a compreensão do conjunto das Bancadas. Em seguida,
entraremos na discussão e votação dos projetos, sendo que o Projeto Atenção à
Saúde das Pessoas Portadoras de Deficiência será priorizado, pelo menos a sua
discussão.
Solicito a abertura
do painel eletrônico para verificação de quórum a fim de entrarmos na Ordem do
Dia. (Pausa.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon - às 16h44min):
Passamos à
Com 28 Vereadoras e
Vereadores presentes, eu suspendo a Ordem do Dia para realizarmos a Reunião
Conjunta das Comissões.
(Suspendem-se os
trabalhos às 16h45min.)
A SRA. PRESIDENTE (Sofia Cavedon – às 17h31min): Estão reabertos os trabalhos.
Feita a votação do Parecer na Reunião Conjunta,
teremos condições de votar, na quarta-feira, a criação dos cargos da Saúde.
Estamos na Ordem do
Dia, o primeiro Projeto é de minha autoria, então solicito ao Ver. Toni Proença
que reassuma a presidência dos trabalhos.
(O Ver. Toni Proença
assume a presidência dos trabalhos.)
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
Nº 1104/10 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 009/10, de autoria da
Verª Sofia Cavedon, que inclui Seção IV-A no Capítulo IV da Lei Complementar nº
395, de 26 de dezembro de 1996 – que institui o Código Municipal de Saúde do
Município de Porto Alegre e dá outras providências –, e alterações posteriores,
dispondo sobre a Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência (PCD).
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Pedro Ruas: pela inexistência de óbice de natureza
jurídica para a tramitação do Projeto;
-
da CEFOR. Relator Ver. Idenir Cecchim: pela aprovação do Projeto;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Marques: pela aprovação do Projeto;
-
da CEDECONDH. Relator Ver. DJ Cassiá: pela aprovação do Projeto;
-
da COSMAM. Relator Ver. Dr. Thiago Duarte: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82,
§ 1º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 18-04-11.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Em discussão o
PLCL nº 009/10. (Pausa.)
O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): É um esclarecimento que eu solicito à Mesa, que, obviamente, bem
assessorada pela Diretoria Legislativa, não terá a menor dificuldade de me
esclarecer. Sendo uma alteração a um Código, esta matéria tem duas
oportunidades de discussão ou uma única oportunidade? Hoje ela é discutida e
votada ou somente discutida?
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Hoje ela é
discutida e votada, conforme me informa a Diretoria Legislativa, através do seu
competente Diretor Luiz Afonso.
O SR. REGINALDO PUJOL: Perfeitamente. Fico
grato a Vossa Excelência.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para discutir o PLCL nº 009/10.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Toni.
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, primeiramente, cumpre-me deixar
muito claro que este Projeto é um Projeto de construção coletiva, nasceu nesta
Casa, na Comissão de Direitos Humanos, presidida na época pelo Ver. Guilherme
Barbosa, depois foi debatido na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, quando a
Verª Neuza Canabarro presidia a Comissão. Surgiu da demanda das entidades que
atuam com as pessoas portadoras de deficiência, pela mobilização de pessoas
portadoras de deficiência e entidades, contou com a participação de
representação, inclusive, de técnicos do Governo.
Ele é uma construção
que objetiva organizar na legislação municipal, Ver. Nilo Santos, Líder do PTB,
uma escrita sobre a atenção e saúde às pessoas portadoras de deficiência, toda
ela já prevista na Política Nacional de Atenção às Pessoas Portadoras de
Deficiência, já prevista nas políticas no Ministério da Saúde, já prevista no
Sistema Único de Saúde, o SUS. Por que essa necessidade, essa vontade de
escrever e organizar essa Atenção? Porque há um sofrimento dobrado ou redobrado
das pessoas portadoras de deficiência na busca de atendimento à Saúde. Se o
atendimento à pessoa que não tenha nenhuma deficiência já é muito duro, muito
difícil e demorado, imaginem à pessoa que tem deficiência.
Mas não é só esse o
problema. Há uma fragmentação, uma descontinuidade, falta formação dos
profissionais, atenção dos profissionais, por exemplo, dos médicos
generalistas, das equipes da Saúde da Família, Ver. Todeschini, que precisam
conhecer o tema, ter sensibilidade, orientar o cuidador, fazer aquela atenção
primária à pessoa com deficiência. Não é só a falta de formação e percepção,
mas, principalmente, a falta de fluxo e de continuidade, além, é claro, da
atenção especializada, do centro de reabilitação e habilitação - hoje temos
somente núcleos. Todo esse atendimento está previsto, está escrito, ele existe
de alguma maneira, mas de forma descontínua, de difícil acesso, está fragmentado,
muitas vezes inacessível ou acessado, Ver. Emerson, tardiamente. Então, uma
pessoa portadora de deficiência, se tem um diagnóstico, se tem uma intervenção
precoce, Ver. DJ, vai ter muito mais qualidade de vida na adolescência, na vida
adulta.
Por exemplo, no
hospital, se ao nascer a criança tiver detectada alguma deficiência, se houver
um fluxo organizado de atendimento, se a mãe não tiver que voltar ao posto de
saúde... Às vezes, a mãe só vai se dar conta dessa deficiência quando a criança
estiver com três, quatro anos e estiver muito pesada; aí a mãe vai à procura de
assessoria, mas é muito tarde, porque muita coisa poderia ser desenvolvida
antes. As escolas que atendem às pessoas com deficiência não conseguem observar
esse fluxo, para que o atendimento à menina, ao menino ou ao adolescente seja
continuado desde a medicação à fisioterapia. Imaginem que uma pessoa com
deficiência precisa de fisioterapia quase sempre, e hoje são dadas dez sessões
de fisioterapias, Ver. Haroldo. E a pessoa tem deficiência, ela precisa
recuperar movimento, reabilitar; aí ela precisa entrar novamente no posto de
saúde e esperar por uma nova série de fisioterapia! Então, o que está previsto
aqui é esse fluxo, essa organização, para que a pessoa seja atendida em suas
necessidades.
Eu já passei cópia
para alguns Vereadores e Vereadoras, sei que o tema é complexo, mas queria
sintetizar o Projeto. O Projeto faz a previsão do que é a Atenção à Saúde das
Pessoas com Deficiência. Na Subseção I, estabelecem-se quais ações serão voltadas
a essa Atenção, que diretrizes organizam essas ações. Isso tudo não é invenção,
não é custo novo, mas uma previsão existente no Sistema Único de Saúde. Depois,
organiza o Sistema através dos níveis de atendimento e, após, traz a definição
do que se considera pessoa com deficiência para fins desse atendimento. Eu não
vou continuar no conteúdo - apesar de que esse debate nós teremos de fazer -,
quero apenas relatar que, no ano passado, a Comissão que construiu o Projeto se
reuniu com o Secretário Casartelli e entregou o Projeto. Nós nos reunimos com o
Conselho Municipal de Saúde, que discutiu, votou e aprovou. O Conselho
Municipal da Pessoa com Deficiência de Porto Alegre discutiu o Projeto e emitiu
um parecer favorável. Então, fizemos uma caminhada com os conselhos, com as
entidades, e a Prefeitura tem esse conhecimento. Nós não conhecemos a posição
final da SMS, que ainda não se manifestou ao conjunto das entidades, mas
queremos que esta Casa acolha a proposta com muito carinho e a avalie, porque
esse será um instrumento de informação à pessoa com deficiência, para favorecer
a sua movimentação na busca do seu direito, que é um direito básico da
dignidade humana.
(Não revisado pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Não posso
devolver à Verª Sofia Cavedon a Presidência dos trabalhos, porque ela é autora
do Projeto em discussão. Mantenho-me dirigindo os trabalhos.
O Ver. Aldacir José
Oliboni está com a palavra para discutir o PLCL nº 009/10.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Saúdo o nosso
Presidente, o Ver. Toni Proença; saúdo os colegas Vereadores e Vereadoras e o
público que está aqui presente. Ora, fico muito feliz porque, depois de vários
anos - começou com a Verª Neuza Canabarro, que foi nossa colega; com o Ver.
Guilherme Barbosa, que ouviu o segmento -, agora a Verª Sofia Cavedon consegue,
através desse acordo com as entidades, dar continuidade a esse trabalho, para,
de uma certa forma, chegar a um consenso. E sabemos que o Valter Castilhos, que
está aqui presente, é que começou, na verdade, a convencer os Vereadores de que
era necessário haver uma política de reabilitação em Porto Alegre e também no
transporte social.
O Estado e vários
Vereadores daqui, com a Comissão de Saúde daquela época, visitaram o Centro de
Reabilitação que existia, Valter Castilhos, ali na Av. Bento Gonçalves. Nós
percebemos que os serviços oferecidos pelo Governo Federal foram, na verdade,
sucateados. Aquele espaço que está ali na Av. Bento Gonçalves, um prédio
significativo do antigo INAMPS, virou, para o Centro de Reabilitação, um
elefante branco, porque, com a descentralização de alguns serviços, ele ficou
praticamente vazio. Então, é necessário, sim, instituir na cidade de Porto
Alegre uma política de reabilitação e também um transporte social, porque nós
percebemos que mais de 14% da população brasileira que hoje sofre com algum
problema de deficiência não tem um centro de especialização para ter um
atendimento mais humanizado. E este Projeto de Lei provoca o Município de Porto
Alegre no sentido de ele começar a pensar em uma equipe com profissionais
habilitados e que possa, sim, atender de uma forma mais humanizada. Essa equipe
se constituiria de assistentes sociais, médicos, fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, psicólogos, profissionais de Educação Física, nutricionistas, terapeutas
ocupacionais, odontólogos e enfermeiros. Percebemos que os diversos setores da
área da Saúde que exercem papel fundamental na ideia do atendimento, da
reabilitação, do tratamento continuado estão contemplados neste Projeto.
Então, eu tenho certeza
absoluta de que a Câmara Municipal estará apoiando essa iniciativa e até
criando possibilidades para que, numa futura Peça Orçamentária, se destinem
recursos, a fim de que isso, de fato, se realize na cidade de Porto Alegre,
porque muitos projetos de lei, muitas vezes apresentados e aprovados aqui, não
têm continuidade, eles não se efetivam. E eu entendo que este Projeto de Lei,
uma vez aprovado, tem que ser constituído na cidade de Porto Alegre via
Secretaria da Saúde, porque é a Secretaria que tem que promover a saúde desses
cidadãos através da criação de um centro de reabilitação específico para tal e,
agregado a ele, o transporte social, que na verdade já existe quando
justificado e poderá ser implementado nesse programa.
Com certeza, nós
votaremos favoravelmente. Esperamos que os Vereadores se sensibilizem para tal,
principalmente o centro de Governo do Município de Porto Alegre. Que as PcDs
possam ser contempladas neste início. É uma motivação criada pelo Projeto de
Lei liderado aqui pelo Valter Castilhos, mas há uma série de entidades apoiando
no conjunto este Projeto. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLCL nº 009/10.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, a matéria objeto da discussão nesta Casa, nesta
tarde, é por si só relevante, à medida que promove a inclusão da “Seção IV-A no Capítulo IV da Lei Complementar
nº 395, de 26 de dezembro de 1996 - que institui o Código Municipal de Saúde do
Município de Porto Alegre e dá outras providências - e alterações posteriores,
dispondo sobre a Atenção à Saúde das Pessoas com Deficiência”.
Por que faço esse registro, Sr. Presidente? Ocorre que hoje, como em
várias outras ocasiões, dada a modernidade, nós votamos aqui o Projeto com as
informações que, no dia, nos são transferidas, e a informação que hoje nos é
transferida, Vereador-Presidente, nos dá conta de que todas as Comissões da
Casa que examinaram a matéria opinaram por sua aprovação. Nessa linha, meu caro
Vereador-Líder do Partido Trabalhista Brasileiro, há uma posição preliminar e
uma presunção que somos obrigados a acolher: a de que a maioria da Casa já se
manifestou pela matéria e disse que ela é boa. Não há nenhuma rejeição. Nós
sabemos todos - anteriormente, no dia de hoje, eu já me manifestei neste
sentido - que não se recebem mais aqui os pareceres para que se possa vê-los na
hora, pois eles constam na Internet; nunca sabemos quando a matéria será votada
ou não, nós não sabemos do que foi dito anteriormente. Então, o que nós temos
de objetivo no caso? Estamos com uma matéria que se pressupõe tenha sido bem
examinada pelas Comissões, merecendo Parecer favorável de Vereadores
qualificados na Casa, dentre os quais o Ver. Pedro Ruas, que opinou pela
juridicidade na Comissão de Constituição e Justiça; o Ver. Idenir Cecchim,
Líder do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, que se manifestou pela
aprovação na Comissão de Finanças, Orçamento; o Ver.
Paulo Marques, na ocasião em exercício na CUTHAB, também se manifestou pela
aprovação; o Ver. DJ Cassiá, nosso Vice-Presidente da Casa, que, na Comissão de
Defesa dos Direitos Humanos e do Consumidor, também assim se manifestou e,
finalmente, da COSMAM, em que o Parecer - vejam todos - é firmado por ninguém
mais, ninguém menos do que pelo Ver. Dr. Thiago Duarte, médico, obviamente
capacitado a opinar sobre o mérito dessa matéria com qualidade.
Quero dizer, alto e
bom tom, o seguinte: o voto que vou dar é uma repetição de outros tantos votos
que tenho dado aqui na Casa. Sou integrante de uma Bancada de um único
Vereador, que sou eu; não posso querer conhecer todas as matérias na
profundidade com que deveria conhecê-las para votar, mas como votar contra uma
proposta, Vereador, a que V. Exª, Ver. DJ Cassiá, por quem tanto apreço tenho,
recomenda a aprovação; a que o Líder do PMDB recomenda a aprovação; a que o
Ver. Dr. Thiago recomenda a aprovação? Até o líder informal da Saúde aqui na
Casa, o Ver. Oliboni, recomendou a sua aprovação. Eu não posso ser o “soldado
do passo certo”! Então, quero dizer que voto tranquilamente: acompanho os
Pareceres das Comissões, voto com Vossa Excelência. Não sei se há Emenda ou
não, espero que não haja, porque aí não conhecerei o Parecer das Comissões,
porque ele é dispensado. O Projeto é amplo, é um Projeto que cria dez artigos
novos no Conselho Municipal de Saúde; é versátil, enfoca vários ângulos do
problema, e é tão importante, que alguém a quem prezo muito há poucos momentos
me perguntou: “Vais votar a favor?” Respondi: “Vou votar a favor, vou votar com
os Relatores”. Vou votar a favor do Projeto da Verª Sofia, porque foi
recomendado por todos os Relatores, e eu não sou o “soldado do passo certo”
para querer agora divergir deles! Pela aprovação! (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. ALCEU BRASINHA (Requerimento): Sr.
Presidente, solicito verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Solicito a
abertura do painel eletrônico para
verificação de quórum, solicitada pelo Ver. Alceu Brasinha. (Pausa.) (Após o
fechamento do painel eletrônico.) Há quórum.
O Ver. Professor Garcia está com a palavra para discutir o PLCL nº
009/10.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, público que nos assiste, li atentamente a proposição e tenho feito
algumas discussões em relação ao Projeto da Verª Sofia Cavedon. Quero dizer que
a proposta é uma adequação ao que estabelece o Decreto de 1999, e a nossa Lei
Complementar é de 1996; então, não se trabalhou mais em cima disso. Ele está
muito bem posto, porque se preocupa com a questão da pessoa com deficiência e
faz a abordagem dentro, também, da legislação federal, quando aborda a pessoa
com deficiência, a Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência, colocando toda a
questão das deficiências e a integração.
Mais adiante, cita a
questão da equipe mínima multiprofissional. Eu quero dizer que esta é a minha
preocupação maior. Este Vereador, como profissional de Educação Física, nos
últimos quatro anos, tem trabalhado para que o NASF seja instalado com todos os
profissionais. Durante dois anos, como membro do Conselho Federal de Educação
Física, atuei junto aos demais Conselhos Federais na área da Saúde, e aos
poucos está se implantando o NASF. Quero dizer que em Porto Alegre não temos
nenhum NASF com essa característica. O preconizado é que o NASF tenha
disponível todas as profissões ligadas à área da Saúde. Quero dizer, Ver.
Cecchim, que aqui em Porto Alegre não temos. Inclusive, através de uma reunião
com os demais Conselhos, nós fomos, na época, ao Secretário Eliseu Santos e
fizemos uma proposta para que, pelo menos, um NASF em Porto Alegre pudesse ter
todos os profissionais.
Isso não foi
contemplado também, porque ainda há a visão um pouco arcaica de que apenas o
médico e o enfermeiro são suficientes. Só que hoje, mais do que nunca, nós
sabemos que o profissional da Educação Física, o fisioterapeuta, o terapeuta
ocupacional, entre outros - estou me referindo àquelas profissões que foram
agregadas -, fazem um trabalho lá na ponta. Por exemplo, a Educação Física
trabalha na parte preventiva, trabalha na parte profilática, só que, no Brasil,
não há estatísticas sobre prevenção, ou seja, as nossas estatísticas são sobre
a doença. O nosso Ministério deveria se chamar “Ministério da Doença”, e não
Ministério da Saúde, porque a preocupação dele é saber quantas cirurgias foram
feitas, quantos pacientes foram atendidos, e milhões e milhões de vidas
poderiam ser salvas com uma visão profilática.
Quero dizer,
Vereadora, que apoio o Projeto, vou votar favorável ao Projeto, mas também
quero ressaltar que o Município de Porto Alegre vai ter dificuldades para
implantar esse tipo de atendimento, porque, volto a dizer, eu, pessoalmente,
tenho, há quatro anos, brigado com a Secretaria de Saúde para ver se instala
pelo menos um NASF no Município de Porto Alegre, com todos os profissionais da
área da Saúde. Eu acho que é uma luta, temos que evoluir, mas a questão dos
NASF é uma situação dimensionada em todo o território brasileiro. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para um Requerimento.
A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Ver. Toni
Proença, tendo em vista que o Governo está orientando - aqui há um apelo das
Lideranças da base do Governo, eu as compreendo, acolho o apelo -, na pessoa do
Secretário da Saúde, os Vereadores a votarem contra o Projeto, solicito
adiamento da discussão por uma Sessão do PLCL nº 009/10. Eu vou tentar uma
reunião com o Secretário Municipal de Saúde, frisando duas coisas: primeiro,
que nós estamos muito felizes, porque todas as Comissões aprovaram. E nós
sabemos que aprovaram, porque sabem da justeza do Projeto, ele não cria nada
novo, ele traz para cá o que está previsto no SUS, estabelece uma orientação
para o atendimento da pessoa com deficiência. Segundo, que nós entregamos ao
Governo Municipal no ano passado - o conjunto das entidades de pessoas com
deficiência... E não obtivemos resposta, não houve nenhuma iniciativa de
diálogo sobre o tema. Mas queremos discutir, porque queremos aprovar, acho que
será um avanço para a pessoa com deficiência em Porto Alegre. Então, Ver. Toni,
solicito adiamento por uma Sessão, para retomarmos esse diálogo. Obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Toni Proença): Em votação
nominal, solicitada pelo Ver. Mario Fraga, o Requerimento de autoria da Verª
Sofia Cavedon, que solicita o adiamento da discussão por uma Sessão do PLCL nº
009/10. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Há dez Vereadores presentes. Não há
quórum para continuarmos a Ordem do Dia. Estão encerrados os trabalhos da
presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão
às 18h02min.)
* * * * *